quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ANINHA E O PEIXE DOURADO


Autora Placidina Chaga Correia
Co-autor Marco Antonio Chagas Ribeiro


ANINHA
E O
PEIXE DOURADO
1ª Edição
Rondonópolis – Mato grosso
Ano 2008




“Que nossos mortos revivam! Que seus cadáveres ressuscitem! Que despertem a cantem aqueles que jazem sepultos, porque vosso orvalho é um orvalho de luz e a terra restituirá o dia às sombras.”. (Isaías 26: 19).




“O espírito do senhor repousa sobre mim, porque o senhor consagrou-me pela unção; enviou-me a levar a boa nova aos humildes, curar os corações doloridos, anunciar aos Cativos à redenção, e aos prisioneiros a liberdade; proclamar um ano de graça da parte do Senhor, e um dia de vingança de nosso Senhor, consolar todos os aflitos, dar-lhes um diadema em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de vestidos de luto, cânticos em gloria em lugar de desespero.” (Is 61, 1-3).







AGRADECIMENTOS


Agradeço ao Senhor meu Deus por ter tido esta inspiração, uma vez que é baseada em uma estória que ouvi quando criança, e dentro dela criei outros personagens. E como sou uma discípula do Senhor que não tem o dom de pregar, Ele vem me conduzindo e capacitando a escrever. Só tenho que agradecer ao Espírito Santo por esta graça.
Através deste livro tento passar as coisas que quero dizer e não consigo. Sonho em ser uma pregadora, e escrevendo me realizo, porque sei que assim posso evangelizar também. Falar de Jesus é minha maior alegria.
Cada dia que passa vou me apaixonando mais pelo o plano de Deus e percebi que o Reino de Deus está aqui ao nosso alcance, portanto só depende de nós ajudarmos em sua construção.
Gostaria que todas as pessoas despertassem e vissem o valor de evangelizar, muitas famílias seriam ajudadas, pois a partir do momento que você descobre que Jesus que é a única razão de viver, tudo se torna fácil.
Quero agradecer ao meu filho, Marco Antonio por me ajudar, ao ler os textos ele me levava a usar a imaginação, uma vez que, sempre falava para eu colocar isso ou aquilo e saia me deixando confusa com meus pensamentos. Porém, devagar eu ia colocando-os em ordem e passava a digitá-los e logo eles tomavam um sentido. Obrigada meu filho, você me faz acreditar que sou capaz.
Aproveito neste livro para agradecer minha família pela a paciência e tolerância em ter que ficar sem minha presença de vez em quando, nas reuniões ou festinhas de família, pois estive um pouco isolada para terminar este livro e o outro que já está quase saindo.
Dedico aqui a Lucia e agradeço a Deus por existir em minha vida e agüentar o meu silêncio, quantas vezes ela queria conversar e eu dizia que não podia, porque tinha minhas idéias que precisavam ser escritas. Também agradeço as minhas irmãs, meus queridos manos e minha irmã e madrinha Maria que sempre me faz companhia. Da mesma forma aos meus lindos sobrinhos. Que Deus lhes abençoe!
Agradeço ao Frei Leodir por me ensinar a importância de Evangelizar e ao Frei Fernando também tenho muito a agradecer, que com sua serenidade me ouvia e incentivava a continuar escrevendo. Obrigada amigos!
A minha prima, Vanessa, também que me deu as primeiras aulas de computação e vem de vez em quando me dar uma luz. Dando suas idéias e me incentivando a fluir e criar novas idéias em mim. A minha amiga Cristiane, sempre me auxiliando a corrigindo o texto. O meu amigo Manoel me ajudou também dando sua opinião e corrigindo os erros de gramática. Obrigada queridos vocês são bênção em minha vida.
Quero agradecer de coração a minha comunidade, São Francisco, e todos os grupos pastorais, principalmente a Pastoral Familiar, de onde tiro toda energia espiritual para minha vida.
Gostariam de ver todas as pessoas do mundo com um só pensamento um só objetivo que é seguir Jesus. Sei que essa é a sua vontade Senhor! E agora é o meu maior sonho.
Reconheço que demorei muito para descobrir essa importância. Daí-me sabedoria Senhor, para saber levar conhecimento as pessoas e conscientizá-las que o teu Reino está próximo delas, para que elas também descubram a harmonia do seu amor e se coloquem a serviço da construção do teu Reino.





Aninha e o Peixe Dourado










ANINHA DE CORPO E ALMA NA CAMPANHA DA FRATERNIDADE

Em um pequeno sítio, numa modesta casinha morava o Senhor Antônio, apelidado por todos de Seu Tota. Era um homem simples, mas de um grande coração e sem ambição. Pai de cinco filhos, duas meninas e três meninos. Viviam do que plantavam e também de alguns peixes, quando pegavam.
Todos os dias, ao entardecer, Seu Tota ia até o rio que ficava nos fundos de sua casa para pescar, e sempre levava Ana Paula, sua filha mais nova, que todos chamavam de Aninha. Como seu Tota amava pescar!
João Augusto, o filho mais velho, gostava muito de animais e dizia que queria fazer veterinária. Já João Gabriel, segundo filho, queria ser médico. Silvana, a terceira dos filhos, gostava muito de estudar e conversar com pessoas de mais idade que ela e ainda não tinha definido o que queria ser. Guilherme desejava ser agrônomo.
No começo do ano de dois mil e sete, Aninha chegou da escola contando a seus pais que haviam passado vários Missionários em sua classe falando sobre o “Reino de Deus” e também falaram sobre a Campanha da Fraternidade que ia ocorrer naquele ano, e que o tema era sobre “Salvar a Amazônia”. Tema que agradou Aninha que sugeriu aos seus colegas irem até a prefeitura para falar diretamente com o prefeito da Cidade de Rondonópolis, que ficava próxima ao sítio onde morava.
A cidade de Rondonópolis tem 180.000 (cento e oitenta mil) habitantes e é movimentada pelo agronegócio. Por causa das belezas naturais da região, o ecoturismo vem surgindo com muita atração. Existe uma série de cachoeiras, rios propícios para os amantes da natureza e de uma boa pescaria. E sem falar no Parque Ecológico João Basso (área de preservação ambiental particular) que é formado por lindas cascatas, grutas e um maravilhoso cerrado com trilhas que levam até a Cidade de Pedra. Tudo isso simplesmente desaparecerá se não ajudarmos em sua preservação.
Aninha estava muito preocupada com a poluição, sabendo que não só sua família sofria as conseqüências do desmatamento e da poluição dos rios, como também toda a humanidade, pois era o que via e ouvia nos meio de comunicações.
Sendo assim, Aninha e seus colegas de escola foram até ao prefeito e pediram que arrumasse mudas de árvores para replantar as margens dos rios e também entraram em contato com a Secretária do Meio Ambiente para conseguirem alevinos para repovoamento do Rio Vermelho. O prefeito imediatamente os atendeu. Distribuíram centenas de mudas de plantas frutíferas e nativas do serrado.
Aninha dizia:
- Se nós conseguirmos fazer a nossa parte, quem sabe outras escolas e entidades farão o mesmo. E, assim, todos os rios e florestas poderão voltar a ser o que eram antes.
Aninha ficou muito empolgada com este assunto. E, como já vinha dizendo a seus pais que sentia o chamado de Deus para a vida religiosa, se uniu aos Missionários para ajudar a evangelizar as famílias do Bairro perto da Zona Rural onde residia. Também se empenhou de corpo e alma na Campanha da Fraternidade. Assim, juntamente com seus amigos evangelizava e ajudava a proteger o meio ambiente.
No entanto, mesmo fazendo tantas atividades Aninha não deixava de acompanhar Seu Tota em algumas pescarias.

PALÁCIO DO REI MARCO ANTÔNIO E A RAINHA CAMILA
Ilustração:
Em outro lugar, muito distante dali, morava um rei em seu lindo palácio com sua família. Ele tinha apenas um filho por nome Eduardo. O Rei Marco Antonio e a Rainha Camila, sua esposa, viviam a viajar, deixando seu filho sempre com os empregados. Dificilmente paravam em casa.
Quando o menino Eduardo estava com quatorze anos, sua família contratou Magda como governanta, sem saber que era uma feiticeira muito má.
Como seus pais viajavam muito, acabaram sofrendo um acidente e faleceram. Dessa forma, o garoto Eduardo ficou aos cuidados da governanta Magda, que passa a ser sua tutora. Todos na corte estavam preocupados com isso, pois ninguém sabia direito de onde Magda havia vindo e nem quem era.
A intenção da malvada feiticeira era dar um fim no garoto e ficar com toda a sua herança. No entanto, com o passar do tempo ele foi crescendo se tornou em um lindo jovem. E o que ela não imaginava era que iria se apaixonar pelo rapaz.
Por ele não gostar dela, ela resolveu fazer uma poção mágica e o transformou em um lindo Peixe Dourado.
Assim, Magda pensava: Se não quer ficar comigo, também não ficará com mais ninguém. Vou deixá-lo assim até aceitar se casar comigo.
Ela ficou gastando o dinheiro da herança deixada pelos pais de Eduardo. Passava meses sem vir em casa, só vinha quando precisava de alguma coisa diferente, tal como uma jóia, um colar, brilhantes, pratarias, tapetes de luxo.
Durante o dia, quando Eduardo se transformava em ser humano ia para o seu quarto e simplesmente se isolava de todos por sentir vergonha do seu corpo, pois o seu rosto tinha os traços de peixe e a pele se parecia com as escamas. Sendo assim, usava roupas de mangas e evitava encontrar pessoas em lugares claros.
De tal modo que Eduardo, no meio da noite, quando se transformava em um lindo Peixe Dourado, passava a noite viajando por todos os oceanos e rios e deste modo conheceu muitos pescadores. Quando ele se transformava em ser humano novamente, lembrava das destruições dos rios e ficava muito triste, uma vez que não sabia como poderia ajudar e também precisava se livrar deste triste “fardo” que a feiticeira havia lhe colocado.

ENCONTRO DO PEIXE DOURADO COM ANINHA
Ilustração:
Em uma noite, o garboso Peixe Dourado estava em um dos seus costumeiros passeios pelos rios e viu a garota Aninha pescando juntamente com seu pai Tóta. Ela estava linda, já com os seus quinze anos de idade e continuava acompanhando seu pai em suas pescarias. Toda animada contava a seu pai sobre uma peça de teatro que falava sobre o meio ambiente, que ela e seus colegas iriam representar na escola.
Nisso o Peixe Dourado a viu e ficou admirado com a sua ternura e com a maneira com que ela tratava seu pai. Por isso, começou a passar sempre por aquele mesmo lugar e ficava a observá-los. Assim, o seu afeto por Aninha crescia cada vez mais.
Depois disso, não conseguiu tirá-la da mente, quando retornava para seu palácio casa não se continha, apenas recordava o jeito meigo daquela garota.
Ficava imaginando:
- Como posso fazer para acabar com esse sortilégio do encanto e voltar a ser normal para ir atrás daquela linda garota?
Vivia sempre a suspirar.
E deste modo começou a pensar:
- Por que tenho que passar por isso? O que foi que eu fiz? Por que meus pais morreram tão cedo? E como fazer para acabar com esta desdita?
Tomado por essa aflição, quando estava em seu quarto orava pedindo a Deus que lhe desse uma resposta para suas dúvidas.


ANJO ISMAEL APARECEU PARA O PRÍNCIPE EDUARDO


Desta maneira, um abençoado dia, durante sua oração, ele percebeu uma claridade no escuro de seu quarto e nisso apareceu um Anjo que lhe disse:
- Deus ouviu suas preces e me enviou para te ajudar.
Eduardo, impressionado com aquela visão, perguntou:
- Quem é você?
- Eu sou o Anjo Ismael. Sei que está precisando de ajuda e somente uma pessoa que tiver uma grande pureza de coração e conseguir passar por algumas provações poderá desencantá-lo. Terá que chegar até o Sol, a Lua, o Vento e a Água, porque somente eles poderão lhe ajudar. Assim fazendo conseguirá acabará com o encanto e você será um rei respeitado por toda sua nação.
Quando o Anjo Ismael terminou de falar, Eduardo lembrou-se da garota que estava sempre pescando com seu pai e disse:
- É ela, a pessoa que poderá me libertar. Ela gosta da natureza. Já a ouvi falar em reflorestamento, de salvar a Amazônia, de muitas coisas neste sentido.
- Você já sabe quem é então agora é com você.
- Sim, sei. É uma garota, filha de um pescador, que vejo sempre nas margens do Rio Vermelho, mas como faço para chegar até ela?
- Faça um acordo com o seu pai, quem sabe ele vai entender.
- Como faço?
- Você saberá como e a hora certa.
Eduardo despertou, não sabia se era uma visão ou se era sonho. No entanto, o fato era que ele entendeu bem o que deveria fazer. Ele teria que ir a procura daquela menina. Começou pensar como fazer para conquistar aquela linda garota, filha do pescador.
Passou um tempo, o Príncipe Eduardo resolveu ir atrás dela. Assim, transformado em Peixe Dourado, ele passava por onde havia visto a garota Aninha, mas infelizmente somente via o seu pai. Percebendo que o senhor não conseguia pegar peixes, pois sempre via seu Tota voltar de mãos vazias para casa, ele resolveu fazer um acordo com o Seu Tota como o que o Anjo havia lhe dito. Como ele gostava de ajudar os outros tomou uma decisão, pois desta maneira ele ajudaria o pescador e se ajudava também. Ele pensou e alto falou:
- É errado dar alguma coisa pensando em receber algo em troca, porém não tenho outra saída. Vou tentar fazer uma proposta ao pescador, quem sabe tenho êxito.
Numa destas pescarias, Seu Tota, após colocar isca em seu anzol, o jogou no rio e enterrou a vara no barranco. Sentou-se com sua viola, como sempre fazia, começou a cantar.
Depois, pensando alto disse:
- As coisas estão difíceis em casa, mas se Jesus nos prometeu vida em abundância, temos que confiar em suas palavras. Hoje tivemos o suficiente para sobreviver, amanhã somente Ele saberá. E, quem sabe tenho sorte hoje, como diz o ditado: ‘Um dia é da pesca outro do pescador’. Vou esperar.
E, nesse dia algo surpreendente aconteceu. De repente, surgiu uma grande onda e nela ele viu um enorme vulto dourado.
Ele pensou consigo mesmo:
- Peixe não deve ser, é muito grande e brilhante para ser um. Ficou observando até que um grande Peixe Dourado apareceu e perguntou:
- Qual é o seu nome?
Seu Tota, surpreso com aquele peixe falando, respondeu:
- Eu, bem, meu nome é Antonio, mas todos me chamam por Seu Tota.
- Seu Tota, notei que há vários dias que não tem pegado peixes, por isso gostaria de lhe fazer uma proposta.
Seu Tota disse ainda um pouco assustado:
- Como pode? Eu nunca vi peixe falar.
- Eu fui encantado por uma feiticeira e desde então vivo nos oceanos e rios vagando de um lugar para o outro sem muito que fazer. Por isso, gostaria de lhe fazer uma proposta.
Seu Tota, muito desconfiado, falou:
- Proposta? Que proposta?
- Eu lhe prometo trazer, todos os dias, quantos peixes precisar, porém tem que me assegurar que me dará o primeiro ser vivo que encontrar ao chegar em sua casa.
Assim propôs, pois pensava que Aninha fosse a única filha de Seu Tota, achando que fosse ela a primeira a ir ao seu encontro quando voltasse.
Seu Tota sempre voltava tarde da noite para casa e todos já estavam dormindo, o único ser vivo que encontrava era sua cadelinha Pinunchinha. Então recordou que já estava faltando alguma coisa de comer em casa e, assim, Seu Tota disse:
- Amo muito a Pinunchinha, porém meus filhos são mais importantes. Afinal, ela já está muito velha e doente.
Sendo assim, não titubeou em dá-la em troca de comer para seus filhos. Aceitou a proposta, dizendo ao Peixe Dourado:
- Sim eu aceito a proposta, mas, por favor, não faça nada de ruim com ela. Sempre pensando na cachorrinha.
- Pode deixar, cuidarei dela com muito carinho. Então, amanhã neste mesmo horário estarei aqui lhe esperando, juntamente com o que você encontrar hoje. E, não se preocupe, a trarei sempre aqui para o Senhor vê-la.
Seu Tota pensou que ele sabia de sua cadelinha e disse:
- Tudo bem, combinado. Estarei aqui lhe esperando.
O Peixe Dourado desapareceu nas águas do Rio Vermelho e Seu Tota retornou para sua casa com tantos peixes que quase não deu conta de levar sozinho.

A MORTE DA PINUNCHINHA






Chegando perto de casa, sua filha Aninha veio correndo ao seu encontro, chorando com uma notícia que entristeceu seu pai.
- Papai, a Pinunchinha morreu.
Seu Tota largou os peixes e agarrou a menina nos braços e começou a chorar incessantemente.
- Morreu? Como aconteceu?
Sua esposa chegou e viu tanto peixe e disse:
- Tota, quanto peixe você pegou meu velho! E porque está chorando? Era para você estar contente. É por causa da Pinunchinha? Ela já estava muito velha e doente. Você mesmo dizia que quando um animal morre, é porque poderia ser um da família, por isso não devemos chorar.
Seu Tota não querendo dizer nada, apenas chorava. O que estava mesmo lhe preocupando era a promessa que havia feito com o misterioso Peixe Dourado.
Mais tarde em seu quarto, Tiana, sua esposa tornou a lhe perguntar:
- Meu velho, o que foi que aconteceu com você? Nunca vi você assim, você está sempre tão alegre.
- Está bem minha velha! Vou lhe contar o que aconteceu.
E, assim, contou à promessa que fizera. Ela escutou tudo com muita atenção e ficou muito assustada e disse:
- Não! Meu velho! Vamos dizer a ele que a Pinunchinha morreu.
- Será que ele vai acreditar?
- Mas você não está mentindo.
- Eu me arrependi de ter feito esse trato, acho que Deus me castigou e tirou a vida dela.
– Não se preocupe meu velho, Deus não está nos castigando, é que chegou mesmo a hora dela. Na Bíblia diz que tudo tem sua hora. Então fique tranqüilo, vamos dormir, amanhã daremos um jeito.
Ao amanhecer, Seu Tota reuniu a família e contou-lhes tudo. Disse que não sabia se iriam pegar mais peixes como naquele dia, porque a Pinunchinha havia morrido.
Escutando isso sua filha Aninha disse:
- Papai, não se preocupe, nós não vamos passar fome. O Senhor não disse que temos que confiar na providência de Deus! Vamos esperar que tudo vá se resolver.
Seu pai disse:
- Esta bem minha filha, vamos aguardar.
No dia seguinte, na hora combinada Seu Tota foi sozinho esperar o Peixe Dourado no lugar marcado, quando o Peixe Dourado apareceu e disse:
- Como vai Seu Tota? E a sua família está feliz?
Seu Tota disse:
- Em parte estamos, por outra não, é que nossa cachorrinha Pinunchinha faleceu.
- Sinto muito! O que houve com ela?
- Ela já estava um pouco velha e doente e acabou morreu. E agora não posso manter o combinado. Porque era ela que vinha todos os dias ao meu encontro quando chegava em casa.
- Mas, então quem foi primeiro ao seu encontro ontem?
Seu Tota pensou, e disse:
- Foi a minha filha Aninha que veio me falar da morte da Pinunchinha.
- Então, Seu Tota, é ela que terá que me trazer. Lembra de nosso trato?
Seu Tota muito assustado disse:
- Não, a Aninha não. Eu combinei com você achando que seria a minha cadelinha Pinunchinha, minha filha nunca!
- Seu Tota, eu sei que é demais o que lhe peço, porém eu não tenho outro jeito senão esse. O Senhor não vai se arrepender. Sua filha será de grande valia para mim, para o senhor e para toda humanidade, porque somente por meio dela poderei me desencantar e salvar o mundo de tantas devastações, queimadas, ventania, escuridão e seca. Sua filha tem um enorme amor pela natureza e saberá como chegar até ao Sol, a Lua, o Vento e a Água e salvá-los. Feito isso, meu feitiço acabará também.
Completou fazendo uma promessa:
- Quando acabar o encanto, eu prometo que virei buscar toda sua família para morarem no meu palácio, onde nunca mais passarão necessidades. Eu sou filho do rei Marco Antônio e fui amaldiçoado por uma feiticeira. Somente sua filha poderá me salvar.
Seu Tota pensou e disse:
- Primeiro terei que saber se ela concorda e também preciso conversar com minha família, nunca faço nada sem antes falar com minha mulher e meus filhos.
- O Senhor tem três dias para decidir, vencendo o prazo estarei aqui no mesmo horário.


ANINHA SE ENCANTA COM O PEIXE DOURADO

Voltando para sua casa, contou para sua família o que teria de fazer. Todos ficaram surpresos e abismados. Aninha foi à única que ficou tranqüila, simplesmente disse:
- Não papai, eu sempre sonhava em ajudar vocês, quem sabe chegou o dia.
Seu Tota não entendeu o porquê dela dizer isso, talvez com o tempo ele entendesse.
Ao chegar à hora combinada todos estavam tristes, apenas a Aninha estava contente e tentava confortá-los:
- Eu sempre rezava para Deus enviar alguém para nos ajudar e se apareceu esse peixe encantado, então foi o Senhor quem nos mandou, por isso não devemos nos preocupar. Vamos confiar.
Seu Tota, preocupado, disse:
- Aninha você me perdoa por isso?
- Não se preocupe papai, Deus deve ter um plano em nossas vidas.
- É minha filha, você deve ter razão. Então vamos até o local combinado que ele já deve estar nos esperando.
Chegando a margem do rio, o elegante Peixe Dourado estava ansioso esperando por eles. Já trazia consigo um cardume de peixes de várias espécies. Vendo a Aninha seu coração batia tão forte que as ondas subiam nas alturas. Assim, que as ondas se acalmaram, ele os cumprimentou dizendo:
- Como vai Aninha?
Aninha ficou encantada com a beleza do Peixe Dourado, não conseguindo pronunciar uma só palavra.
- E o Senhor, seu Tota, está mais calmo?
- Sim, a Aninha me tranqüilizou, ela aceitou e irá com você.
- Não se preocupe seu Tota, logo estaremos todos juntos. E você, Aninha, fique tranqüila. Feche os olhos e só abra quando eu disser que pode abrir.
A garota apenas atendeu ao que o peixe disse, sentou em seu dorso e seguiram a navegar.


O PASSEIO DE ANINHA E O PEIXE DOURADO
Ilustração: Aninha na água com o peixe dourado
Aninha sentia a água passando por ela, entretanto, era como se fosse apenas a brisa, não se afogava. O Peixe Dourado disse:
- Aninha vou lhe levar em um passeio pelos rios de nossa região para que veja quanta destruição.
O Peixe Dourado ia mostrando para a Aninha diferentes lugares e ela ficou admirada com tudo e disse ao Peixe:
- Hum! Imagino o que você tem passado nestas águas.
- Agora vou levá-la em outro lugar, onde o homem ainda não foi e está bem diferente deste.
A garota se sentiu aliviada em ver águas tão límpidas e puras. Peixes por todos os lados. Encantada disse:
- Obrigada meu Deus por tanta beleza!
Radiante e feliz ficou contemplando aquele lugar, quando foi interrompida pelo Peixe Dourado lhe dizendo:
- Isto Aninha é só uma pequena parte do que tenho para lhe mostrar. Um dia lhe levarei em lugares muito mais lindos que este.
Comovida ela respondeu:
- Quantas coisas belas têm ainda para contemplar!
Aninha já se sentia como se fosse amiga do Peixe Dourado. Novamente ele pediu para que ela fechasse os olhos e só os abrisse quando ele pedisse.





ANINHA NO PALÁCIO DO PEIXE DOURADO
Ilustração: Um palácio
Depois de um demorado tempo, ele disse para que ela abrisse os olhos. Ao abrir, ficou fascinada com a beleza do lugar em que se encontrava.
Ela estava no palácio da família do Príncipe Eduardo, que mais parecia um paraíso de tão belo que era. Ficou por um tempo admirando aquele lugar. De repente, ela lembrou:
- Onde está o Peixe Encantado?
Procurou por todos os lugares, mas não o encontrou mais. Naquele lugar apareceram vários empregados, todos se apresentaram e disseram a função de cada um deles.
Apareceu um garoto e lhe disse:
- Dona Aninha, o meu nome é Moisés, quando precisar de alguma coisa é só tocar a companhia que estaremos sempre prontos a lhe servir.
- Muito obrigada Moisés.
Logo em seguida apareceu uma moça muito simpática dizendo:
- Eu me chamo Helena, sou a governanta, se precisar de alguma coisa, por favor, me chame e seu quarto já está arrumado.
Aninha agradeceu e ficou calada observando tudo. Em seguida, foi para o seu quarto e ficou encantado com tanta beleza.
O Menino Moisés retornou, dizendo:
- Daqui à uma hora e meia o jantar será servido.
Aninha jantou sozinha naquele dia e retornou para o quarto, onde passou a noite conversando com Deus, através de suas orações, até pegar no sono.
No outro dia, passou o dia a passear no jardim com Moises, ao fim da tarde, levou para ela um belo vestido e sapato, sob medida, e também um colar de pedras e brilhantes, jamais visto por seus olhos, e disse:
- Dona Aninha, se arrume para o jantar, que no início desta noite a Senhora terá companhia e use está jóia.
Logo em seguida, Taty e Dona Amanda, acompanhantes, vieram buscá-la e levaram-na até a sala de jantar.
A sala estava muito bonita e ela não se continha, olhava tudo com admiração, uma vez que não estava acostumada com tanta beleza e tanta riqueza. Muita coisa nunca havia visto em sua vida.
O jantar era a luz de velas com apenas dois lugares na mesa. Curiosa perguntou:
- Vocês vão jantar comigo?
A cozinheira e copeira, Dona Sinhá, respondeu-lhe:
- Não Senhorita, seu Eduardo, o nosso patrão, é que virá. Por favor, sente-se e tome uma água fresca que logo ele chegará.
- Quem é Eduardo? E o Peixe Dourado, onde está?
Ela tentou fazer várias perguntas, eles disseram que não tinham permissão para responder nada.


JANTAR A LUZ DE VELA
Ilustração:
Ainda um pouco assustada sentou-se à mesa e ficou a esperar. Alguns minutos depois chegou um jovem muito bonito e sentou-se na outra ponta da mesa, um pouco distante dela, cumprimentou-a se apresentando como Príncipe Eduardo. E falou:
- Por favor, não posso dizer nada, somente com o tempo poderei lhe contar, por isso peço para ter paciência, sei que está ansiosa. Contudo, quando chegar à hora terá todas as respostas.
Em seguida, jantaram e conversaram sobre a beleza do palácio. Ela tentava ver seu rosto, porém como era a luz de velas não conseguiu. Ele evitava falar olhando diretamente para ela que também ficou um pouco tímida, embora tivesse querendo fazer várias perguntas. No entanto, se conteve.
Terminado o jantar Eduardo se despediu e saiu às presas. Ele sabia que não podia passar da hora, tinha que estar perto do rio senão poderia morrer.
A governanta Helena veio para acompanhá-la até os seus aposentos. Aninha ainda perguntava:
- Como tudo isso pode estar acontecendo?
Helena lhe perguntou:
- Como foi o jantar?
- Estava muito bom. Conheci o Eduardo, me pareceu muito simpático. Ele me contou que é sozinho e que tem uma tutora chamada Magda. E disse que é para eu ter paciência que com o tempo ficarei sabendo de tudo.
- É, realmente ele é muito bom.
Por mais que pensasse ela não tinha uma explicação. Lembrava de seus sonhos. Parecia que ele ganhava vida real.
Aninha sempre sonhava em um lugar diferente e sempre tentando ajudar alguém. Agora ela se via ali naquele lugar estranho e sabia que precisava ajudar o Peixe Dourado e não sabia como.
Ela pensava:
- Como vou ajudar o Peixe Dourado a sair deste encanto? Ele disse para ao papai que eu poderia ajudá-lo, mas não disse como. O que devo fazer?


Aninha na biblioteca
Ilustração: uma estante de livros
Ela passava quase o tempo toda sozinha e com suas dúvidas. Se distraia na biblioteca lendo. Livros era o que mais tinha. Romances, contos de fadas, cada um melhor que o outro, ela era fascinada por leitura, podia sair dali só na imaginação.
Em um começo de noite estava andando sozinha pelo jardim quando apareceu o príncipe Eduardo juntamente com o menino Moisés e recomendou que quando ela quisesse andar pelo palácio ou pelos jardins era só chamá-lo. Falou que Moisés gostava muito de plantas e cuidava do jardim com muito zelo. Mal sabia Eduardo que Aninha e Moisés já haviam se conhecido nos passeios que ela sempre fazia pelo jardim.
Moisés simpatizou com Aninha desde o primeiro dia e logo se tornaram grandes amigos, assim, quando tinha uma flor diferente ele vinha chamá-la para ver. Às vezes ela ficava observando a casa e aquele jardim enorme e se questionava:
- Quando será que vou poder trazer minha família para cá? Meu pai disse que o Peixe Dourado prometeu que um dia todos viriam morar aqui.
Aninha tinha sido recomendada que não fosse na outra parte do palácio. Eles contaram sobre Magda e, dessa forma, ela seguia as determinações. Conversava sempre com a governanta Helena que era muito simpática e dizia:
- Aninha tenho que fazer de você uma moça fina.
- Por que Helena?
- Um dia você poderá ser a nossa Rainha.
Aninha respondia:
- Nunca pensei em ser Rainha.


PRINCIPE EDUARDO PREOCUPADO COM A HUMANIDADE
O Príncipe Eduardo durante o dia nunca aparecia e quando aparecia era em recintos fechados para que ninguém percebesse os sinais que tinha, usava sempre chapéu e luvas. Às vezes no fim da tarde ao escurecer o garboso rapaz aparecia e saia com Aninha a passear pelo belo jardim do palácio. Ele lhe contava várias aventuras. Ela apenas ouvia e ficava encantada com a linda voz de Eduardo.
Ele sempre dizia a ela:
- Aninha, tenho me preocupado muito com a humanidade. Preciso fazer alguma coisa para ajudá-los, mas algo me impede.
- Tenha paciência, chegará o dia que você poderá ajudar todos que precisarem.
- Obrigado Aninha por me animar, você me faz acreditar que tudo tem jeito.
- Para nós, seres humanos, talvez seja difícil, mas para Deus tudo é possível. Por isso, temos que confiar Nele.
- Ainda bem que posso contar com suas orações.
- O que mais posso fazer por você, senão rezar?
- É, Aninha, só Deus sabe. Ele tem seus desígnios, apenas nos resta esperar. Tudo tem sua hora.
- É verdade, mas se precisar de mim pode falar.
Eduardo nunca dizia para ela o que se passava com ele. Talvez achasse que ela não entenderia.
- Tudo bem Aninha, vai chegar à hora. Sei que tudo vai dar certo. Você como está? Vejo que a cada dia que passa você está mais bonita!
Ela, envergonhada, agradeceu e ficou pensando:
- De uma coisa quase tenho certeza, Eduardo é o Peixe Dourado.
Em seguida ele disse que precisava ir, pois sabia que não podia passar da hora. Despediu-se e saiu às presas.
Com isso ela foi se enamorando dele. Contudo, não comentou com ninguém. Com medo do que pudesse acontecer.
Depois de uns tempos que estava no palácio, Aninha disse a governanta Helena:
- Estou com muitas saudades de minha família.
A governanta saiu e logo voltou e disse a Aninha:
- Dona Aninha, se arrume que você irá até a casa de seus pais, após a hora do jantar, de noite, esteja na orla do rio. Recebi essas recomendações do Peixe Dourado, mas ele pediu que lhe dissesse que não traga nada de lá.
Ela ficou sem entender, porém nada comentou.
E a governanta ainda disse:
- E Seu Eduardo me pediu que eu arrumasse umas coisas para você levar.


VISITA DE ANINHA AOS SEUS PAIS

Quando chegou a noite, Moisés e Helena vieram buscá-la e a levaram até o cais. Em seguida, apareceu o Peixe Dourado e, como sempre muito galante, disse:
- Faça à mesma coisa de quando viemos. Feche os olhos e abra somente quando eu disser. Assim ela fez como ele disse.
Quando ele pediu que abrisse os olhos, eles já estavam no porto da sua casa. Seu Tota estava como de costume, com sua viola a cantar. Muito feliz ele falou:
- Minha filha, Aninha, quantas saudades! Eu tinha certeza que você viria hoje, até disse para sua mãe preparar uma torta de maçã para você. Ela o abraçou e chorou, mas um choro de alegria.
Seu Tota, preocupado, disse:
- Como ele está lhe tratando? Alguém está judiando de você?
- Não papai, fique tranqüilo, eu estou bem, só estava com muitas saudades de vocês. Estou muito feliz em estar aqui.
Chegando a sua casa, entregou os presentes que havia trazido para todos. Foi uma festa! Todos ficaram felizes.
Ela disse:
- Vejam manos, olha quantas coisas bonitas! Foi o Seu Eduardo quem mandou esses presentes.
Seus irmãos agradeceram e cada um pegava o escolhia o seu, também faziam várias perguntas. Ela contou sobre o Príncipe Eduardo e como era lindo o palácio. Falou que estava desconfiada de que Eduardo era o Peixe Dourado. Entretanto, não tinha certeza.
Aninha disse:
- O Príncipe Eduardo é uma pessoa bondosa, todos os empregados gostam muito dele, parece também muito bonito. Pena que ainda não consegui ver o seu rosto!
Ficou por vários tempos assim indo de vez em quando a casa de seus pais. Sempre obedecia ao pedido do Peixe Dourado, sem nada trazer da casa dela. Nesse tempo, ela foi se afeiçoando ao Príncipe Eduardo, sentia bem as poucas horas que passavam juntos.
Quando sentia saudades de sua família, ele a levava para visitá-los. Até que em uma dessas visitas a sua mãe disse:
- Aninha, por que você não leva uma vela e um fósforo e quando o Príncipe Eduardo estiver dormindo, você acende a vela para ver o seu rosto?
Aninha, preocupada, disse:
- Não mamãe, ele sempre diz para eu nunca levar alguma coisa daqui para o palácio e eu não devo desobedecer-lho. Sua mãe insistiu, até que ela resolveu levar. Ela perguntou?
- Mas como vou levar sem que ele veja? E também pode molhar.
Sua mãe disse:
- Eu vou fazer um coque em seu cabelo e o colocarei dentro para que não molhe e também ninguém perceberá.
Voltando para palácio, o Peixe Dourado sempre perguntava:
- Você está trazendo alguma coisa? Ela como sempre dizia que não. No entanto, aquele dia ela mentiu.
Um dia antes de jantarem e do costumeiro passeio pelo jardim, Aninha percebeu que o Príncipe Eduardo ainda estava dormindo. Ela foi até ao seu quarto, acendeu a vela e conseguiu ver seu rosto. Nisso percebeu os traços de peixe, mas também ficou fascinada com a beleza dele. Uma beleza diferente, algo que ela jamais havia visto antes e não percebeu que o tempo passou. Enquanto o admirava uma gota de vela pingou bem em sua face.
Ele acordou e apenas disse:
- Eu disse que não era para trazer nada de sua casa. Agora, só Deus saberá quando voltaremos a nos ver.
E tudo se transformou em uma grande escuridão.



ENCONTRO DE ANINHA COM O ANJO ISMAEL











Ilustração:
Aninha passou o resto da noite sem saber onde estava. Quando amanheceu percebeu que estava em um lugar deserto. Ficando sem rumo, vagou por vários lugares sem destino, sempre perguntando onde poderia encontrar o Peixe Dourado ou o Eduardo. Infelizmente, ninguém sabia responder.
Ficou perambulando pelo mundo sem destino por muito tempo até que encontrou uma casa. Ali ela perguntou se não estavam precisando de empregada e disse que trabalharia em troca de um prato de comida.
Uma mulher com jeito de brava disse:
- Não estou precisando de ninguém, mas se quer comer, pode ficar e trabalhar por comida e mais nada. Assim ficou trabalhando por um tempo. A mulher era muito ruim e a fazia de escrava. Ela dormia numa cocheira junto com os animais.
Um dia, depois do trabalho, estava muito cansada, porém não deixava de fazer suas orações, começou a rezar e disse:
- Senhor, como eu posso agradecer por tudo que faz por mim? Eu te louvo e te agradeço por ter o que comer e onde dormir. Sei que o Senhor vai resolver todos os meus problemas. Tenho certeza, Senhor, que encontrarei o Peixe Dourado e também minha família, por isso eu lhe agradeço por tudo!
Quando terminou de rezar, abriu os olhos e viu um garoto olhando para ela. Assustada, perguntou:
- Quem é você?
- O meu nome é Ismael e o seu?
- Ana Paula, mas todos me chamam de Aninha.
- Ah! Então é você a famosa Aninha?
- Por que, você me conhece?
- Sim, já ouvi falar de você. – Desviando sutilmente do assunto convidou-a para acompanhá-lo.
- Venha que a levarei até um lugar farto de alimentos e bem melhor que este.
Aninha o acompanhou e disse:
- Estou à procura do Peixe Dourado. Você pode me informar onde poderei encontrá-lo?
- Sim, tenho a missão de levá-la até ele e também avisar que para voltar a encontrá-lo você terá que passar por várias provações. Você está disposta a enfrentar qualquer coisa? Enfrentar o calor, a escuridão, a seca e o vendaval?
Aninha disse sem pestanejar:
- Sim, não só por ele, mas pela minha família também.
- Aninha, você foi escolhida para salvar não só o Príncipe Eduardo e sua família, mas também toda humanidade.
- Como assim?
- Eduardo foi encantado por uma pessoa muito má. Ainda não sabemos o que a levou a fazer isso, mas agora somente o Amor poderá libertá-lo.
- O amor que sinto por Eduardo e minha família suportam qualquer sacrifício. Nem que eu tenha que ir até o fim do mundo. Entretanto, sei que um dia conseguirei encontrá-los.
O Anjo Ismael disse:
- Hum! Vejo que os ama de verdade, porque somente um amor
[1]ágape poderá ajudar a desencantá-lo. Então, se prepare para as dificuldades que virão. Terá que encontrar os elementos da natureza e ajudá-los a combater seu sofrimento.
- Quais são os elementos?
- O Sol, a Lua, o Vento e a Água.
- Como faço para encontrá-los?
- Indo ao encontro de suas mães. Para salvá-los terá que abrandar a força da natureza que vem se revoltando e desequilibrando toda fauna e flora do nosso planeta Terra. O Sol vem esquentando cada dia mais com o efeito estufa e o aquecimento global. A Lua não aparece por causa da poluição e das queimadas, com isso as noites se tornam mais frias e escuras.
Neste momento, Aninha sem esperar que o Anjo terminasse de falar interrompeu, demonstrando grande interesse nesta causa.
- Me preocupo muito com isso, já fiz algumas campanhas na escola, mas ainda acho pouco, preciso fazer algo mais. Estou pronta para ajudá-los.
- É, Aninha, o ser humano acha que pode destruir desrespeitosamente a morada que Deus nos deu de presente para habitarmos. A natureza não agüenta a voracidade consumista dos seres humanos. O ecossistema está totalmente em desequilíbrio.
Após esta interrupção de Aninha, que se mostrava muito atenta, o Anjo Ismael continuou esclarecendo sua missão:
- Agora, Aninha, é sua vez, pois até o Vento precisa de você. Ele vem derrubando árvores, causando danos à natureza, matando muitas pessoas com redemoinhos e vendavais está devastando todo universo com sua fúria. Por último, a Água que se evapora a cada dia, por conta do desmatamento e aumento da temperatura da Terra, fazendo florestas virar sertão e deserto. Muitos morrem por falta dela. E se você conseguir fazer estes elementos voltarem ao curso normal conseguirá acabar com o encanto de Eduardo e dar abundância e fartura para toda humanidade.
Ao terminar de ouvir sua missão, sentiu-se no dever e obrigação de contribuir com a natureza. Aliviou-se em saber qual era sua missão. No entanto, preocupada, sabendo a responsabilidade do que viria pela frente, disse:
- Nossa! Pelo que estou vendo tenho muito que fazer, quando começo?
O Anjo entregou-lhe em suas mãos um livro e disse:
- Agora, e saiba que não estará sozinha. Tome este livro “Especial”, quando se sentir sem rumo leia que ele lhe dará uma direção certa a seguir.
Alimentaram-se na casa de Dalva, amiga do Anjo Ismael, que por sinal foi muito simpática com ela. Ao terminarem, ela indicou a Aninha o Cruzeiro do Sul ao céu e disse-lhe:
- Siga aquelas estrelas que elas te levarão ao destino e tenha uma boa sorte. Vá com Deus!
Assim, alimentada e orientada seguiu seu destino.

CRUZEIRO DOS SUL


X (norte) - Lua



Água - (oeste) X X (leste) - sol





X (sul) - Vento




ENCONTRO DE ANINHA COM A MÃE DO SOL

Aninha andou por muito tempo. Encontrou pessoas que lhe ajudaram, outras zombavam dela chamando-a de mendiga. No entanto, nada disso fazia com que ela desistisse.
Depois de muito tempo perdida e sem rumo, parou para descansar, com o Livro em mãos pediu ao Espírito Santo para lhe dar uma luz, tendo recebido esta mensagem: “Aqueles que conheceram vosso nome confiarão em vós, porque, Senhor, jamais abandonais quem vos procura”. ”. ( Sl. 9: 11).
Sentiu-se fortalecida para continuar sua jornada e pensou:
- É a certeza que precisava ter, que o Senhor não me abandonou.
Olhou para o céu em oração, viu as estrelas, lembrou-se do Cruzeiro do Sul, indicado por Dalva, momento em que passou a seguir a estrela do Leste, quando começou a sentir um calor muito intenso. O suor que escorria em sua pele, o mormaço quente que vinha ao encontro do seu rosto, deixando-o vermelho, anunciavam a presença do Sol enfurecido.
Logo em seguida, avistou uma casinha. Para chegar até ela parecia uma eternidade, pois o vapor que saia da terra tampava a visão, que mais parecia um vulto e uma miragem. Enfim, muito ofegante e quase sem ar, conseguiu chegar até a casa. Foi recebida por uma Senhora muito simpática que lhe deu as mãos e lhe acolheu para o interior desta e a questionou surpresa:
- Minha filha, o que faz aqui?
Aninha, retomando suas forças, conseguiu pronunciar algumas palavras?
-Onde estou?
Pegou no sono. Ao acordar percebeu que estava sendo cuidada pela Senhora. Lembrou-se de sua missão, e sendo mais uma vez questionada, respondeu:
- Estou à procura do Sol.
A Senhora respondeu sem demora:
- Eu sou a mãe dele, mas, por favor, você não pode ficar aqui por muito tempo. Meu filho está para chegar e poderá estar muito agitado. Nem eu agüento, tem dia que tenho que me esconder de tamanho calor. Você poderá não agüentar. Ultimamente, ele anda muito nervoso, tenho que acalmá-lo primeiro.
- Está bem minha senhora. Vou ficar por pouco tempo, mas preciso falar com ele.
- Antes me diz o que veio fazer aqui?
- Me disseram que o seu filho, Sol, poderá me ajudar a reencontrar o Príncipe Eduardo e minha família. Para isso, terei que acalmar sua fúria, mas ainda não sei como. O que sei é que ele está destruindo a natureza se aquecendo desordenadamente, por isso preciso falar com ele.
- Ah! Príncipe Eduardo? Ele ajuda muita gente. O meu filho, Sol, talvez poderá lhe informar melhor, pois ele anda pelo mundo inteiro, conhece o que é bom e o que é ruim. Só que ele não gosta muito de visitas, quando chega em casa está muito agitado e pode machucar alguém. No entanto, vou tentar. Fique aqui neste quarto. Assim que chegar, falarei com ele. Se puder lhe receber venho buscá-la e você falará pessoalmente com ele.
Passadas umas horas, esquentou ainda mais, parecia que ia pegar fogo naquela casa. As paredes ficavam vermelhas quase em chamas e do chão saia fumaça.
Aninha pensava:
- Que estou fazendo aqui? Acho que vou morrer torrada.
Apenas rezava para que o Sol se acalmasse e aceitasse falar com ela.




ENCONTRO DE ANINHA COM O SOL







O Sol, todo impetuoso e arrogante, chegou muito bravo com toda a humanidade dizendo:
- Se Deus não der um jeito nesses humanos, não sei o que será da natureza.
Sua mãe, muito serena e paciente, acalentava-o com palavras doces.
- Procure ficar calmo meu filho, temos visita hoje. É uma garota muito especial.
- Eu já disse que não quero receber visitas, principalmente de humanos que estão me destruindo e me deixando cada vez mais quente.
- Filho, fique tranqüilo. Essa pessoa é muito simples e humilde, diferente daquelas que você está acostumado a ver por aí.
- Está bem, deixe-me descansar um pouco.
Sua mãe como o conhecia bem, esperou ele se acalmar. Aos poucos ele foi se tranqüilizando e ela contou o que Aninha queria. O Sol relutou, não queria recebê-la. Convencido por sua mãe, aceitou e disse:
- Está bem, chame-a para jantar conosco.
A mãe do sol foi até Aninha e disse:
- Venha minha filha, ele já está calmo e te espera. Fiz um carneiro assado para nós.
Aninha sentou-se à mesa com eles, um pouco envergonhada, mas comeu com muito apetite. Entre garfos e garfadas, disse tudo o que queria.
O Sol escutou toda sua estória e acabou se emocionando e disse:
- Quanto amor minha filha! Bem que minha mãe disse, você é mesmo especial. Tenho andado pelo mundo inteiro e nunca vi algo tão lindo assim. Por isso, vou lhe ajudar. Vou lhe dar algumas dicas e também um bracelete de ouro, por meio dele você chegará perto do Príncipe Eduardo. Quando chegar a hora você saberá como usá-lo.
O Sol já não queimava tanto. Eles se sentaram na varanda da casa e desabafou-se com Aninha:
- Ando muito irritado nesses últimos tempos com o que anda acontecendo. Todos reclamam de mim por estar esquentando tanto, mas não percebem o que estão fazendo, você já ouviu falar sobre o
[2]aquecimento global?
- Já, mas não entendo bem sobre isso.
- Vou te explicar melhor. É o aumento do calor, a temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra. Isso tem sido verificado nos últimos tempos, se continuar assim não sei o que será de todo o ser vivo. Todos morrerão e não sobrará nem cinzas.
- Nossa! Por que faz isso?
- Não sou eu que quero, não tenho como me controlar, porque com o desmatamento, a poluição os rios entre outras ações que destroem a natureza eu perco as forças e aqueço cada vez mais. Não quero isso.
- Então é muito sério. Que posso fazer para ajudá-lo?
- Terá que dizer ao nosso Príncipe Eduardo para incentivar a humanidade a plantar árvores, cuidar melhor da natureza e ajudar a evitar o
[3]efeito estufa, causado pelo aumento nas concentrações de gases poluentes.
Aninha muito atenta, e sem titubear respondeu:
- Com o maior prazer! Vou me informar melhor sobre este assunto para poder ajudá-lo também.
O Sol continuou:
- Se você conseguir chegar até a Lua, Vento e a Água com certeza chegará até ao Príncipe Eduardo e sua família. E assim salvará toda a humanidade. Porque se continuarmos nesta fúria e desequilíbrio, o planeta terra futuramente não mais existirá. Não será fácil, mas, se o seu amor for verdadeiro, vencerá.
Momento em que deu a dica de onde encontrá-los.
– Siga a estrela do Norte do Cruzeiro do Sul e encontrará a Lua, ao Sul o Vento e ao Oeste a Água.
Aninha agradeceu ao Sol e sua mãe seguindo sua viajem. Sabia que ainda teria que passar por muitos enigmas. Contudo, estava disposta a tudo para encontrar o Príncipe Eduardo ou Peixe Dourado e sua família. Mas, agora, começou a entender que só poderia encontrá-los vivos se o Sol estivesse mais calmo.
E assim por onde andava já ia conscientizando todas as pessoas.


REENCONTRO DE ANINHA COM ANJO ISMAEL

ILUSTRAÇÃO 03:




No caminho encontrou várias pessoas, uns eram gentis com ela outros não, às vezes até a maltratavam.
Sofreu muito. No entanto, estava determinada a ir até o fim. Um dia, andando encontrou um riacho e tomou um banho e tentou dormir um pouco, quando abriu os olhos viu o Anjo Ismael a observá-la.
- Você deve estar cansada!
- Sim, meu Anjo, até um pouco desanimada.
- Então venha que a levarei a um lugar aonde você vai se alimentar não só o seu apetite, mas também espiritualmente.
Este a levou até uma igreja. Quando ela entrou sentiu uma grande paz naquele lugar, sentindo a presença do Senhor se ajoelhou e elevou seus pensamentos a Jesus e experimentando o amor Dele por ela se entregou de corpo e alma, pedindo que a ajudasse naquela missão. Em seguida o Anjo Ismael a levou em um outro lugar onde ela se alimentou e descansou um pouco, como da outra vez e pediu para que seguisse seu caminho, servindo-a com um agasalho e uma lanterna.
A jovem agradeceu ao Anjo e disse-lhe:
- Não sei o que seria de mim sem a sua ajuda. Só Deus para lhe pagar por tudo que tem feito por mim.
- Não se preocupe Aninha, eu estou aqui para isso mesmo. Eu e que a agradeço. E obrigado por não desistir.
- Agora me sinto outra, percebo que assim como precisamos de alimentos para o nosso corpo precisamos de oração para nossa alma.
- Que bom que percebeu isso Aninha.
Aninha mais disposta e alimentada, continuou sua jornada. No caminho não esquecia sua família, pensando em voz alta:
- Como deve estar minha família? E Eduardo, onde estará agora?



DESAPARECIMENTO DO PEIXE DOURADO E DE ANINHA

Na casa do seu Tota, sua família estava preocupada com o sumiço do Peixe Dourado e Aninha. Seu Tota dizia:
- Ele me prometeu que a traria sempre aqui. Que pode ter acontecido? Eu não deveria tê-la deixado ir.
Dona Tiana disse:
- Não se torture meu velho, eles vão aparecer. Eu também sou culpada, se não insistisse para que ela levasse a vela, talvez eles não teriam sumido. Ela sempre dizia que Eduardo falava que poderia acontecer algo com eles se levassem alguma coisa daqui.
- De que adianta ter bens se não temos nossa filha? Como foi acontecer isso comigo? Eu nunca me preocupei com coisas materiais.
E o trato que o Peixe Dourado fez com o pescador continuava, era tanto peixe que vinha gente de muitos lugares para admirar o grande espetáculo naquele pequeno porto da casa de Seu Tota. Eles vendiam para frigoríficos e mercados e faziam doações para várias entidades.
No tempo da lufada, os peixes Dourados pulavam tão alto que às vezes caiam fora d’água, os Pacus, na época do acasalamento, ficavam em cardume com a cabeça quase para fora e faziam um barulho imenso. Era muito bonito! Da casa do Seu Tota se ouvia o barulho. Mas nada disso fazia Seu Tota feliz. Ele foi ficando apático que acabou adoecendo. Os irmãos de Aninha fizeram de tudo para reanimá-lo, porém de nada adiantava.


ENQUANTO ISSO NO PALÁCIO

Contudo, no palácio, a feiticeira Magda, desde que Eduardo fora encantado, passava o tempo em viagem ou numa outra parte do palácio gastando em festa e luxúria. Quando notou que Aninha estava no palácio não deu muita importância. Depois de algum tempo observou que Eduardo estava diferente.
Percebendo que havia algo errado, resolveu observá-lo melhor e, assim, ele contou que estava apaixonado por Aninha.
Ela dizia:
- Aquela plebéia? Você merece coisa melhor e, além disso, ninguém sabe se um dia ela voltará.
Eduardo a ouvia calado, apenas pensava:
- Eu confio em Deus, sei que Aninha voltará e um dia conseguirá ir atrás do Sol, da Lua, da Água e do Vento, assim como o Anjo Ismael disse e me tirar desta maldição.
Ele não sabia era que ela já estava em sua missão.
O tempo foi passando e Aninha não aparecia, Eduardo foi ficando apático e já não se importava com nada. Cada dia ficava mais isolado das pessoas de seu reinado. Não mais saia para navegar nos rios, permanecendo escondido nas grutas e entre as pedras e locas. Foi aí que Magda se propôs a se casar com ele, dizendo que seria melhor para que ele pudesse tomar posse do reinado e acabar a maldição. Ele concordou sem contestar.
Então Magda pensou:
- Assim fica melhor para que eu possa controlá-lo. Vou marcar o nosso casamento, antes que ele se arrependa.
Deste modo ela começou os preparativos.
Eduardo de nada se importava, estava como se estivesse anestesiado, aceitava tudo que Magda dizia.




ENCONTRO DE ANINHA COM A LUA




Aninha, depois de muito andar, começou a sentir um frio que jamais havia sentido e percebeu que a noite estava muito escura, mesmo assim prosseguiu sua viagem. A sorte dela eram os agasalhos e a lanterna que Ismael havia lhe dado, senão ela teria congelado e não enxergaria naquela imensa escuridão. Olhando para o céu viu as estrelas em formato de cruz, percebeu que estava seguindo ao norte.
Após caminhar por um longo período, encontrou uma casa e ao lado um lago no meio da escuridão. Uma parte dele estava congelada, na outra notou um vulto de um casal cisne, passeando com seus filhotes a procura de alimentos. Com a lanterna observou que não havia peixes nem insetos naquele lugar onde estavam. Aproveitou e os ajudou iluminando outra parte do lago, local onde com dificuldade encontrou alguns insetos que serviram de alimento para aquela família.
Percebeu o trabalho deles para se alimentarem no escuro, pois não havia lua para clarear aquele momento.
Enquanto isso, lá permanecia Aninha, quase entrevada de tanto frio e quase ficando cega de tamanha escuridão. Imaginou:
- Preciso continuar, não posso ficar parada neste lugar, senão posso morrer congelada.
Mais adiante, enxergou entre as trevas um vulto de uma habitação. Contudo, para chegar a ela teria que atravessar o lago congelado.
Pensou:
- Meu Deus! Se eu entrar nesta água com certeza morrerei. O que farei?
Nisso Aninha recordou do que o Anjo Ismael lhe disse: “Quando estiver sem saída leia este livro”. Novamente ela o abriu e leu: “Se tiveres de atravessar a água, estarei contigo. E os rios não te submergirão”. (Is. 7: 24).
Aninha fez uma oração e criou coragem, entrando no lago e o atravessou. Saiu completamente molhada, sua lanterna não acendeu, foi tateando até chegar à calçada da casa.
Chegando a casa alguém abriu a porta e o impacto da luz que vinha de dentro atrapalhou totalmente sua visão. Ela se escorou na parede e foi escorregando até sentar no chão. Ouviu a voz de uma mulher que perguntou:
- Quem é você?
Devagar abriu os olhos, notou uma senhora muito elegante com vestido prateado e brilhante e fechou os olhos novamente. A Senhora continuou a lhe interrogar:
- O que faz aqui garota?
Abriu os olhos devagar e respondeu:
- Minha senhora, eu estou à procura da Lua.
- Eu sou a Mãe da Lua.
- Como conseguiu chegar até aqui?
- Foi Deus que me deu forças, sozinha não conseguiria.
- Então entra minha filha, senão você morrerá de frio aí fora, vou lhe dar roupas secas. O que faz por aqui?
Aninha, tremendo de frio, disse:
- Me disseram que sua filha poderá me informar onde posso encontrar o Peixe Dourado ou o Príncipe Eduardo e minha família.
- Talvez, ela anda pelo mundo afora. De repente ela deve saber de alguma coisa, mas é melhor você se esconder. Atualmente, ela anda extremamente chateada, porque além da poluição e das queimadas tem presenciado muitas brigas de casais e por isso ela fica descontrolada, não quer mais aparecer para a humanidade. Com isso, as noites se tornam mais frias causando morte dos seres vivos.
Quando ela chega não gosta que tenha alguém em casa, porque não sabe o que pode acontecer. Até eu quase não suporto tanta escuridão e frio, imagine você que não está acostumada. Esconda-se aqui neste quarto e se agasalhe bem. Vou preparar uma leitoa assada para a chegada dela. Assim que minha filha chegar, venho chamá-la.
A Mãe da Lua arrumou tudo para Aninha e foi assar a leitoa, o prato predileto de sua filha Lua. Em seguida começou um frio muito intenso, por mais que Aninha tentasse se cobrir de nada adiantava, pois o seu corpo parecia que estava congelado. Pensava em voz alta:
- Quase morri assada com o Sol, agora posso ser congelada. Que mais virá pela frente? Que posso fazer Senhor?
Pegou seu livro especial e leu:
- “Senhor, vossa mão está levantada sem que o percebam. Que vejam vosso ardente amor por vosso povo, e sejam confundidos; e que o fogo, bom para os vossos inimigos os defere. Senhor, prorpocionai-nos a paz!” (Is. 26: 11-12).
Logo em seguida, a Mãe da Lua apareceu e disse que sua filha havia chegado e a convidado para jantar. A Lua foi muito gentil com ela. Ao terminarem, Aninha narrou sua vida e esclareceu os motivos que a levaram até ali.
A Lua ouviu atenta e respondeu:
- Querida garota, tenho andado pelos quatro cantos do mundo e confesso que há muito tempo não via tanta pureza e força de vontade assim. Farei tudo que for possível para ajudá-la, porém terá que prometer fazer com que as pessoas se unam mais, uma vez que eu aparecia durante as noites para cobrir os casais em noites de alegria e felicidade. No entanto, eles não fazer mais isso, precisam se amar e se respeitar. Os pescadores não encontram peixes e muitos ficam sem se alimentar. Quando encontrar o nosso Príncipe Eduardo diga para conscientizar as pessoas em seu reinado a não degradarem mais a natureza com queimadas e agrotóxicos, nem explodirem bombas químicas. Só assim, poderei voltar às noites, prometo.
E continuou:
- Sinto muito em dizer que terá que enfrentar muitos obstáculos pela frente, porque para completar o ciclo na Terra, a humanidade precisa também de melhorar as águas e controlar os ventos. Estes que estão muito perigosos e violentos podem ser encontrados ao Oeste e ao Sul do Cruzeiro do Sul, respectivamente. Você está disposta a enfrentar seca, tempestade?
Aninha respondeu confiante:
- Sim, o amor que tenho por ele e minha família vão me ajudar a enfrentar e superar tudo isso.
- Já presenciei muitos casais românticos pelo mundo afora, mas nunca vi em minha vida tamanho amor. Tenha muito cuidado, a Água e o Vento são extremamente violentos, mas somente eles poderão levá-la até ao Peixe Encantado.
- É o Sol me disse, mesmo assim não vou desistir, porque a Anjo Ismael disse que somente o “amor” poderá salvar a humanidade e libertar Eduardo deste infeliz infortúnio.
- Então tenha cuidado, quando começar a tempestade confie em Deus. Leve este colar de brilhante, você saberá a hora de usá-lo.
- Oh! É muito bonito! Muito obrigada.
- Outra coisa que é o mais importante de tudo, você terá que dizer ao príncipe Eduardo que terá que espalhar e falar do amor de Jesus Cristo aos casais, porque tenho visto muitas famílias desestruturadas pelo mundo inteiro e isso é por não conhecer verdadeiramente Jesus, por isso preciso contar com pessoas como vocês.
Aninha agradeceu a Lua e disse:
- Obrigada por confiar em mim. Pode ficar tranqüila, darei o recado, se depender de mim farei tudo que estiver ao meu alcance. Eu também tenho visto muitas crianças abandonadas por pais separados por onde andei e já vinha pensando nisso. Agora darei a minha vida se preciso for para ajudar as famílias.
A Lua a levou até certa distância do caminho em direção ao Sul do Cruzeiro do Sul e lhe desejou boa sorte. Agradecida, Aninha partiu em sua maratona.


O ANJO ISMAEL FASCINADO COM ANINHA

Continuando sua viagem, Aninha rezava pedindo a Deus que a ajudasse na sua próxima etapa, agora mais do que nunca não podia desistir. Precisava ajudar também o Sol e a Lua. Sendo assim prosseguiu. Mais adiante se deparou novamente com o Anjo Ismael.
Ela feliz falou:
- Meu amigo Ismael! Como vai?
- Muito bem. E você querida Aninha? Cada vez que a vejo está mais linda! Mesmo sofrendo e passando por tudo isso não perde o humor e a elegância.
- Obrigada, meu Anjo bom, você que é muito amável comigo. E também é por que sou plenamente feliz, meu amigo. Amo todos que tenho encontrado, até aqueles que não gostam de mim ou aqueles que me maltrataram.
- Não foi assim que Jesus nos ensinou? Amar mesmo aqueles que nos desprezam e fazer o bem até àqueles que nos odeiam e orar pelos que nos perseguem?
O Anjo Ismael ficou fascinado com as palavras de Aninha e continuou a ouvi-la.
- Aprendi isto no “Livro” que você me deu, meu amigo. Tenho lido muito ultimamente. Meu Anjo Bom, isso é amor que está em mim, meus poros exalam amor e em minhas veias corre amor. Eu vivo o amor, porque sei que Jesus está conosco em todos os lugares. Em todos os momentos sinto a presença dEle, mesmo nos lugares mais sombrios Ele está presente. Você nem imagina como o Sol e a Lua são encantadores, por dentro, apesar de tanta fúria, senti o amor Divino em cada um deles.
- Nossa, Aninha! Como você é surpreendente. Pelo jeito você aprendeu direitinho. Eu passaria a vida toda lhe ouvindo falar.
- Este “Livro” é muito especial. Tem resposta para tudo que precisamos, se todas as pessoas seguissem esses ensinamentos não haveria sofrimentos, separações e muito menos guerras e até a natureza estaria bela.
- É verdade Aninha, mas nem todos o conhecem, por isso é dever e obrigação nossa ensinar àqueles que não descobriram a importância dele. Temos que anunciar o Evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas. Vida, morte e ressurreição para proporcionar a elas o encontro pessoal com Cristo e ajudar cada pessoa na adesão a Ele e no compromisso de segui-lo, porque assim todos irão encontrar a salvação e irão encontrar a paz que procuram.
- É verdade meu Anjo Bom! Tenho percebido que precisamos fazer alguma coisa por aqueles que ainda não descobriram o Amor de Jesus. E é na família que temos que começar.
- É verdade, Aninha, terminando sua jornada temos muitas coisas a fazer.
- Sem você eu não teria chegado aonde cheguei.
- Eu estarei sempre com você. Respondeu o Anjo.
- Já encontrei com o Sol e a Lua, mas ainda faltam dois. Sei que vai me ajudar a chegar até eles, por isso quero lhe agradecer e gostaria de chamá-lo para vir comigo.
- Minha querida amiga! Seria um prazer, mas infelizmente não posso tenho outras coisas para resolver. Entretanto, não se esqueça, estarei contigo sempre em meus pensamentos e fique tranqüila, tudo vai dar certo.
- Ah!... Antes que me esqueça quero estar em seu casamento.
Aninha surpresa, respondeu:
- Que casamento?
- Sim, você com o príncipe Eduardo.
- Eu não tinha pensado nisso.
- Pois é bom ir pensando. Afinal vocês foram feitos um para o outro. E se vão ficar juntos, tem que ter a benção de Deus.
- Ah! Sim isso é verdade. Não quero pensar nisso agora e, além disso, estou morrendo de fome, o que temos para comer hoje?
O Anjo Ismael, brincando, respondeu:
- Hum! Surpresa! Consegui uma torta de morango, esta noite sonhei que é o seu prato preferido.
- É, acertou. Quanto tempo não como esta delícia de torta, que mamãe sempre fazia para mim.
- Então vamos agora mesmo matar sua vontade.
O Anjo Ismael, como das outras vezes, rezou juntamente com ela e ensinou o rumo mais fácil a seguir. E a deixou só, para que ela aprendesse a tomar suas próprias decisões. Mais uma vez a ajudou entregando uma capa de chuva para levar consigo.
Saciada e descansada, Aninha prosseguiu seu caminho.


ENCONTRO DE ANINHA COM A MÃE DO VENTO





Aninha passou por várias dificuldades e lugares que ela jamais imaginara passar. Comia somente quando encontrava pessoas de bom coração que lhe davam alguma coisa para comer. Muitas vezes pensava em desistir, porém uma força maior a impedia de abdicar de tudo.
Em rumo ao sul, percebeu uma brisa leve e juntamente com ela um vento, que logo em seguida foi aumentando. Era um vento muito forte, tão impetuoso que ela pensava que seria carregada.
Ela pensou:
- Devo estar chegando perto do Vento, preciso ter cautela assim como o Sol e a Lua me alertaram.
Aninha percebeu que o dia estava se transformando em noite e logo começou uma tempestade violenta com chuva de granizo e relâmpagos. Imediatamente, vestiu-se com a capa que levava consigo e enfrentou o vento com muitas dificuldades.
Horrorizada, apenas rezava e seguia. Ouvia as pessoas apavoradas gritando e pedindo ajuda:
- “Socorro, socorro”!
Todos assombrados e perplexos. Era gente correndo por todo lado, pessoas sendo levadas e arremessadas contra as casas e árvores. Sem saber o que fazer tentou procurar um lugar para se abrigar. Nisso o Vento a levou de um lado para outro, bem distante de todos. Aninha percebeu que bem próximo havia um rochedo. Para lá fora levada pela tempestade.
- Com esta tempestade, como vou enxergar estrelas no céu para me orientar?
Recordou o que o Sol e a Lua haviam lhe falado. De repente veio um furacão, se agarrou a uma árvore que não agüentou, vindo a se quebrar, sendo arrastada pelo Vento por entre os rochedos quando gritou bem alto:
- Se o Senhor está comigo nada devo temer.
Olhou para o céu e avistou o Cruzeiro do Sul, mais animada com que viu, pois sabia estar próxima ao Vento, quando foi arremessada para dentro de uma gruta. Continuou andando com muito esforço e pôs-se a rezar:
- Senhor, eu sei que estas comigo, apesar de toda esta tempestade sei que vou vencer. Agradeço, Senhor, por me ajudar, louvo-te por tudo meu Senhor e meu Deus!
Esperou um pouco até a tempestade abrandar e pegou no sono.
Acordou dentro de uma casa nos braços de uma senhora. Essa senhora, logo que viu que Aninha tinha acordado, perguntou preocupada:
- O que faz por aqui moça? Você não percebe o risco que está correndo a tempestade está lá fora levando tudo o que passa em sua frente.
Aninha, um pouco assustada, respondeu:
- Minha Senhora, eu estou à procura do Vento. Por favor, a Senhora poderia me informar onde encontrá-lo?
A Senhora um pouco ríspida com ela, disse:
- Eu sou a Mãe do Vento. O que quer com meu filho?
- Bem, sou Aninha, é que preciso encontrá-lo e saber onde posso encontrar o Peixe Dourado e minha família, e o que posso fazer para ajudá-lo a acalmar sua fúria, pois está causando muita destruição na humanidade. Se me permitir, contarei porque o procuro.
Ela já um pouco mais
[4]fleuma respondeu:
- Esta bem, me desculpe, eu estava um pouco agitada, é que nunca me acostumo com essas tempestades. Para mim é sempre uma preocupação quando acontece, mas, por favor, pode falar garota. Para enfrentar tudo isso deve ser por uma boa causa.
Aninha contou tudo a ela. Do Peixe Dourado, do Eduardo, do Sol, da Lua, da Água e do Anjo Ismael.
Um pouco mais calma a mãe do Vento lhe disse:
- É, eu já tinha notado mesmo menina, só podia ser o amor para enfrentar tamanha façanha. Meu filho vai demorar um pouco a chegar. Se quiser esperar terá que se esconder, quando ele chega está muito violento e não gosta que ninguém esteja em casa, porque pode destruir tudo que está a sua volta. Venha comigo, eu também tenho que me cuidar. Inclusive esta capa de chuva que veste lhe salvou, pois eu te encontrei desmaiada e coberta por ela. Você é uma garota de sorte!
- Sorte? Vou falar para senhora, acredito muito em Deus, Ele tem me ajudado a chegar onde estou. Preciso agradecê-lo a cada momento.
As duas agora já se sentiam amigas. Aninha mais segura, notou que aquela casa estava construída entre as rochas. Logo em seguida, o Vento surgiu fazendo muito barulho. A mãe do Vento disse a ela:
- Fique tranqüila, quando meu filho entra em casa se transforma, porque aqui ele encontra o amor de uma família. Imediatamente Aninha lembrou de seu livro, em que leu: “Aqueles, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em pratica é semelhante a um homem prudente que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu à chuva, vieram às enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém não caiu, porque estava edificada na rocha...” ( Mt 7: 24).
Tranqüilizada pelas palavras extraídas do livro e o que a Senhora havia lhe dito, encheu-se de forças para permanecer firme em seu propósito. Passados uns minutos, as coisas foram se acalmando. A mãe do Vento saiu e foi ao encontro de seu filho.
Disse a Aninha:
- Aguarde mais um tempo, vou tentar convencê-lo a lhe receber.
Em seguida, apareceu e disse a Aninha:
- Pode vir, meu filho quer lhe ver.



ENCONTRO DE ANINHA COM O VENTO




Aninha, meio receosa, foi chegando devagar.
Ele a cumprimentou e disse:
- O Sol e a Lua já me falaram sobre você. Por isso resolvi lhe receber. Fiquei impressionado com sua história. O que posso fazer por você?
Aninha, um pouco desconfiada, lhe contou tudo.
- Disseram-me que você poderia ajudar. Preciso encontrar o Peixe Dourado e minha família. Estou há muito tempo procurando por eles. Tenho passado fome, frio, calor e muitas humilhações para chegar até aqui.
- Você é muito corajosa garota. Vejo que está preparada. Deve ter sofrido muito mesmo. Nosso planeta está em desequilíbrio total, por onde ando vejo
[5]devastação. Os humanos reclamam de mim, falam que destruo a natureza. No entanto, não percebem que são eles mesmos que me deixam assim eufórico e agitado. Não gostaria de estar assim, porém quando passo em um lugar que não tem árvores não consigo parar, pego uma velocidade enorme, daí quando chego às cidades vou arrasando tudo. Sofro muito com tudo isso.
- É verdade, tenho notado o quanto à natureza está sofrendo.
- Nesses últimos tempos tem tido muita destruição de florestas, rios, enfim, tudo que pertence à natureza está sendo destruído pelo homem. Tudo para satisfazer sua vontade e ganância. O homem não está se importando mais com os animais, plantas, muito menos com ele próprio.
Aninha ficou ouvindo o Vento falar sem o interromper.
- Sem pensar na
[6]erosão que mais vemos por aí, é só olhar por onde passa a mão do homem. Ele está sempre recorrendo à natureza em tudo. Retira dela tudo aquilo que precisa ou não. Os homens nem se preocupam em repor o que retiram, sem contar os lixos orgânicos que são jogados nos rios e mares sem se preocuparem com as conseqüências futuras. Leva tudo que encontra pela frente, poluindo rios, mares, florestas e cidades.
O Vento continuou:
- Precisamos, antes de tudo, repensar a importância que as florestas possuem em nossas vidas e incentivar o replantio de nossas matas, florestas e orlas dos rios. Por isso, quero recomendar que passe tudo isso para o Príncipe Eduardo. Quando ele for desencantado, ele vai saber o que fazer.
Aninha estava impressionada com tanta sabedoria do Vento e interrompeu dizendo:
- Com certeza passarei tudo que está me dizendo. Estou vendo quantas coisas precisam ser feitas. Preciso aprender a me preocupar mais com tudo que está me dizendo. A natureza faz parte de nossas vidas, por isso é dever de todos nós a cuidar com carinho. Por onde passei tenho aprendido muito e venho pensando em tudo isso, pedindo a Deus que me capacite para poder ajudar não só os humanos, mas também a natureza. Tenho certeza de que se cuidar da natureza, eu poderei encontrar o Peixe Dourado e ajudarei muitas famílias iguais a minha, que dependem da natureza para sobreviver.
O Vento, um pouco mais amável com ela, disse:
- Fico feliz por você pensar assim e, com certeza, a natureza agradece. O futuro da humanidade está em pessoas como você.
- Obrigada Vento! Tenho percebido que preciso fazer muito mais pela humanidade.
- Isso é bom, tomara que todos os humanos percebam isso também.
- Precisamos fazer um trabalho de conscientização e tentar mostrar a importância de mantermos os rios limpos, as árvores inteiras e tudo mais que Deus nos oferece, só assim teremos verdadeiro equilíbrio natural.
- Com certeza.
Depois de terem se alimentado e descansado um pouco o Vento se preparou para sair e disse:
- Então vamos Aninha, se prepare. O que vamos passar não vai ser fácil, portanto, se veio até aqui, conseguirá encontrar o que procura.
Aninha despediu-se da Mãe do Vento e agradeceu, e foi acompanhada pelo Vento até a saída do rochedo, recebendo o seguinte convite deste:
- Vamos dar um passeio? Apenas se agarre em mim, não solte por nada.
Aninha agarrou-se ao seu amigo Vento e seguiram viagem. Passaram por muitos lugares diferentes e a pressão do ar os levava para todos os lados. Ora batiam em árvores, outras caiam em buracos que quase não conseguiam sair.
E ele sempre dizia:
- Segure Aninha, por favor, não solte! Se soltar você nunca mais nos verá e muito menos o Peixe Dourado.
Aninha, apavorada, quase morrendo de medo, dizia:
- Fique tranqüilo Vento, somente Deus poderá soltar-me de você.
Ficou lembrando de seu livro, mas como ler, se não poderia se soltar?
Fechou os olhos e tentou lembrar de uma parte que havia lido: “Nada temas, porque estou contigo, não lances olhares desesperados, pois eu sou teu Deus; eu te amparo com minha destra vitoriosa”. ( Is. 41: 10)
Agradeceu as palavras vindas por Deus e pensou:
- Era a confirmação que eu precisava.


ENCONTRO DE ANINHA COM A MÃE DA ÁGUA




Ilustração: Água
De repente veio uma tempestade muito violenta, e junto um redemoinho com grande intensidade e os jogou dentro de um rio. Ela ficou segura apenas por uma das mãos ao Vento que a entregou a Mãe da Água. Aninha aos pouco se soltou completamente do Vento que disse:
- Aqui encontrarás o que procuras, vá encantada princesa, todos precisam de você. Leve contigo este anel de esmeralda e lembre-se estamos com você. Deus lhe abençoe! Se cuide. Não se esqueça de nossa conversa.
- Obrigada, que o Senhor o acompanhe também. E pode deixar que nada neste mundo fará que esqueça tudo que vocês me ensinaram e fizeram por mim. Aprendi muito. Sem falar no Anjo Ismael, nem sei se o verei mais. Deus, por meio de vocês me mostrou que a vida para ser melhor tem que ser partilhada.
Aninha percebeu pelas estrelas que estava indo em direção ao oeste. A tempestade aos pouco foi abrandando e com dificuldade o Vento conseguiu sair da água onde Aninha permaneceu, escutando uma voz feminina bem alta que sussurrava:
- Aninha, estava lhe esperando, sou a Mãe da Água. Fique tranqüila que a levarei até minha filha.
De olhos fechados, Aninha se deixou conduzir pela Mãe da Água, apenas sentiu uma aragem em seu corpo. Atenta ouvia:
- Entrego-lhe minha filha que está precisando de você. Ela é o elemento mais puro e abençoado deixado por Deus. Ajudando o Sol, a Lua e o Vento minha filha poderá fluir em abundância.
Enquanto era levada pelas correntezas das águas, ainda de olhos fechados, Aninha orava confiante e entregou-se completamente ao Senhor Deus Onipotente. Novamente ouvia o sussurro da Mãe da Água:
- Minha filha está em fúria, não consegue se controlar mais, vem sofrendo com o abandono e descaso do ser humano. A natureza precisa com urgência de ajuda. Com ela você terá a oportunidade de conscientizar a humanidade a cuidar da natureza, logo teremos fartura e alimentos para todos e jamais a Terra sofrerá com tanta seca.

A ÁGUA RECEBE ANINHA NAS SUAS PROFUNDEZAS
Ilustração:
A Água recebeu-a em suas profundezas, levando-a para um magnífico passeio nos rios e mares, sussurrando suavemente em seus ouvidos:
- Venha Aninha, eu sou a Água, temos pouco tempo. Vou levar-lhe para conhecer as únicas nascentes de águas ainda existentes no planeta. Um lugar jamais visto aos olhos humanos, ainda intocados e intactos. Sua beleza lhe encantará. Abra lentamente os olhos e veja quanta beleza ainda é existente. Vou lhe dar esta oportunidade. Verá coisas surpreendentes que o ser humano poderá um dia desfrutar.
Aninha abriu os olhos e ficou encantada com aquele lugar. Era uma gruta a quilômetros de profundidade. As paredes de reluzentes cristais, no teto, ao centro, uma pedra de arenitos em forma de flor. Magnificamente belo aquele lugar! Peixes de todas as espécies, demonstrando uma harmonia total com a natureza. Neste lugar ainda existia muita vida, as plantas aquáticas floriam cheias de vida. As águas penetravam pelas fraturas das rochas desenvolvendo gotas d’água que reluziam, criando anéis de micro cristais. Fascinante!
Aninha parou em um destes lugares e conseguiu beber um pouco daquela água, sentiu uma sensação de paz, alegria, felicidade. Sentiu a presença de Deus.
Continuando o passeio, agora estava em um jardim, crianças alegres brincando com os animais ferozes, porém dóceis como cordeiros. Adultos felizes conversando, casais namorando, aves nos céus e pássaros cantando por todos os lados. Rios pelos quatro cantos com águas límpidas e cristalinas. Árvores frutíferas de todas as qualidades, que mais parecia o Jardim
[7] da Felicidade, pois todos estavam felizes e em harmonia.
A Água continuou falando:
- Aninha, observe que componho cerca de três quartos de nosso planeta. Estou presente, principalmente nos
oceanos e nas [8]calotas polares, mas também em outros locais em forma de nuvens, água de chuva, rios, aqüíferos ou gelo. Todas as formas conhecidas de vida precisam de mim. Para o corpo humano sou o principal constituinte (entre 70% a 75%). Sou componente essencial para o bom funcionamento geral do organismo, ajudando em algumas funções vitais.
E continuou:
- O
batismo nas igrejas cristãs é praticado com água, simbolizando o nascimento de um novo ser, purificado com remissão dos pecados. Venho sofrendo muito com o que a humanidade está fazendo consigo, mas sinto-me sem forças para ajudá-la, pois me falta oxigênio.
Logo, Aninha se viu em outro lugar, levada pelas ondas da Água. Ela começou a sentir um cheiro forte sem definir se eram de animais mortos ou de lixo. Foi assim que percebeu que ela estava entre vários dejetos, lixos, peixes e animais mortos e muito material
[9] orgânico flutuando sobre a Água. Enfim, muita sujeira.
Enquanto se desviavam das imundices na superfície terrestre se ouvia atentamente:
- Em minhas veias corre poluição. Se continuar assim todos seremos eliminados da face da Terra. Toda aquela beleza que lhe mostrei poderá se acabar. Por isso, você precisa continuar em sua luta pela preservação da natureza. Sei que com sua determinação, garra, poderá nos salvar.
De volta as profundezas, onde buscava oxigênio, a Água entregou-lhe uma pedra de brilhante e lhe disse:
- Leve-a contigo e saberás quando e como usar. Agora, feche os olhos e vá ao encontro do que procura.



ENCONTRO DE ANINHA COM O PEIXE DOURADO NAS ÁGUAS

Ansiosa, mas confiante, Aninha fora levada pelas águas até ouvir uma voz lhe chamando:
- Aninha estou aqui, pode abrir os olhos.
Quando abriu os olhos não se conteve de alegria em perceber a presença do Peixe Dourado dentro da água com ela e exclamou:
- Peixe Dourado!
Ele disse a ela:
- Sim Aninha, estou aqui, suba em meu dorso que a levarei comigo.
Outra voz lhe chamou pelo nome.
- Aninha, como você está?
Ela percebeu que era o Anjo Ismael, disse-lhe:
- Hum! É você Meu Anjo? O que aconteceu? Cadê o Peixe Dourado, ou melhor, Eduardo?
- Fique calma Aninha, uma pergunta de cada vez? O que aconteceu, eu não sei, cheguei e a encontrei na água desacordada e a retirei. E, quanto ao Peixe Dourado eu não o vi, mas quero dizer que você conseguiu vencer todas as etapas que lhe foram confiadas e está quase no final de sua missão. O que falta agora é vencer as forças do mal, porém não se preocupe. Estarei aqui juntamente com os outros anjos para lhe ajudar.
Já um pouco mais refeita, Aninha ficou sem entender se vira mesmo o Peixe Dourado ou tinha tido uma alucinação. Contou tudo ao Anjo Ismael.
O Anjo Ismael a levou até um lindo Bosque.


REENCONTRO DE ANINHA COM O GAROTO MOISÉS

No Bosque tinha uma fonte de água cristalina, e o que ela nem imaginava é que este Bosque ficava no terreno do Palácio do Eduardo. Com o auxílio do Anjo, conseguindo umas folhas e uns galhos, montou uma pequena cabana em uma loca que encontrou perto da fonte.

ILUSTRAÇÃO 05: Bosque

Ela disse ao Anjo Ismael:
- De sede não vou morrer.
- E nem de fome, vou procurar algumas raízes e frutas. Neste maravilhoso bosque devemos achar alguma coisa para nos alimentar.
O Anjo sabia que bem ali perto estava o palácio, mas não disse nada, pois o fato do casamento de Magda com o Príncipe Eduardo poderia atrapalhar seus planos. Conseguiu algumas frutas para ela e foi embora, dizendo que voltaria depois.
Passando uns dias, Aninha foi percebendo que sempre vinham pessoas para pegar água na fonte, de longe ficava a observar cada um que vinha ali, sem que eles percebessem sua presença.
Em um dia ela reconheceu Moisés, jardineiro do palácio. Aninha foi até ele e disse:
- Oi Moisés, você se lembra de mim?
- Dona Aninha! É você? Como cresceu. Que está fazendo aqui?
- É uma história muito longa. Tenha calma vou lhe contar tudo.
Aninha contou-lhe alguns detalhes de sua missão e o moço ficou impressionado com a história e disse:
- Meu Deus! Você é uma guerreira Dona Aninha.
- Se Jesus não estivesse comigo, eu não teria conseguido. E como vai o Eduardo?
- Ele está muito diferente do que era. Vive sempre distante. Quase não fala com ninguém. Para falar a verdade desde que a Senhora foi embora ele está assim.
E o que foi que aconteceu com você Dona Aninha?
- Bem, não posso contar tudo agora, com o tempo você saberá. Diga-me Moisés, a Magda ainda aparece por lá?
- Dona Aninha, preciso lhe contar, ela irá se casar com Seu Eduardo.
- Verdade Moisés?! Mas, ele aceitou?
- Ele não está se importando com nada como já lhe disse. E se ele souber que a Senhora está aqui...
Foi interrompido bruscamente por Aninha.
- Não Moisés, não fale nada por enquanto. Preciso encontrá-lo. Eles já marcaram a data?
- Sim, dia vinte e seis de dezembro.
- Meu amigo Moisés, primeiro me diz que mês estamos? Perdi a noção do tempo.
- Hoje é dia quinze de dezembro.
- Nossa! Faltam apenas onze dias.
Moisés quis que Aninha fosse com ele para o palácio, mas Aninha refutou esta idéia e achou melhor ficar ali. Então, disse que ia buscar alguma coisa para ela se alimentar. Ela agradeceu e ele saiu correndo, voltando logo em seguida com alimentos e uma rosa, dizendo:
- Dona Aninha, essa rosa é a primeira de uma roseira que plantei, acho que ela estava adivinhando que a Senhora estava aqui.
- Obrigada Moisés, como é linda!
- Consegui pegar algumas coisas para a Senhora.
Moisés lhe trouxe também uns agasalhos e roupas. Antes de ir embora improvisou uma barraca e a deixou bem aconchegante para ela. Aninha agora dormia bem melhor.


ANJO ISMAEL APARECE E CONTA A VERDADE PARA ANINHA

O Anjo Ismael apareceu pela manhã, enquanto Aninha dormia ficou observando sua beleza. Observava o quanto havia crescido. Sentou-se a seu lado e aguardou que acordasse. Tinha boas notícias. Ao raiar do sol, Aninha notou que alguém a observava, levantou-se assustada e perguntou:
- Quem é?
O Anjo Ismael disse:
- Não se assuste Aninha, sou eu.
- Meu Anjo Bom!
- Agora posso contar a verdade, eu fui encarregado por Deus para cuidar de você.
- Então você é um Anjo de verdade?
- Sim, todo ser humano tem um anjo em sua vida, mas nem sempre podemos fazer alguma coisa por ele, porque só agimos quando somos chamados. E nem todos nos chamam, têm algumas pessoas que pensam que podem fazer tudo sozinhas e, assim, aos poucos eles próprios se afastam de nós.
E continuou:
- Com você foi fácil, você acreditava e estava sempre em oração, conheceu o amor ágape. Eduardo também vive em oração e está sempre fazendo o bem. E quando foi procurar ajuda, o Anjo dele me avisou, mas mudando de assunto, temos que começar a agir.
- É, tenho pensado nisso, porém que podemos fazer?
- Está na hora de usar os presentes que ganhou durante sua missão. O que foi que o Sol lhe deu?
- Um bracelete de ouro. É para usá-lo, aqui desse jeito?
- Não, você irá presentear a Magda.
- Eu? Como?
- Você pedirá ao menino Moisés para mostrar a ela e propor em troca de deixá-la conhecer o palácio. Magda é muito ambiciosa e adora jóias mais do que a própria vida, vai ficar e aceitar. Moisés dirá a ela que tem uma cigana que deseja conhecer o palácio e só poderá ir no fim da tarde e início da noite, sendo assim, você poderá encontrar Eduardo. Tenho certeza que ela não vai se opor.
- Tomara que não me reconheça.
- Daremos um jeito nisso, estará vestida de cigana, de rosto tampado.
- Então, melhor ainda.
Logo depois chegou o garoto Moisés, trazendo com ele uma cesta cheia de comida. Aninha apresentou o Anjo Ismael a Moisés e juntos comeram.
Aninha contou a Moisés o que tinham combinado. Ele lhe respondeu meio preocupado:
- Dona Magda anda muito estressada, briga com todos. Deve ser por causa do casamento, não sei se ela vai aceitar. No entanto, não custa tentar.
Foi embora levando o presente e torcendo para que o plano deles desse certo.
Ao chegar ao palácio mostrou a Magda a jóia e explicou o que a cigana queria, ela não pensou duas vezes e disse:
- Diz a essa cigana que pode vir essa tarde mesmo.
O menino Moisés pensou consigo mesmo:
- Nossa! Foi mais fácil do que imaginava.
Voltou correndo para avisar a eles que deu tudo certo. Antes foi no quarto que era de Aninha que continuava do mesmo jeito, pegou algumas roupas e levou para ela que se vestiu e aguardou a tarde cair. Nisso o Anjo Ismael apareceu e pediu para Aninha contar tudo que havia passado ao Eduardo, e não esconder nada.
- Está bem, meu “Anjo Bom” pode deixar que direi tudo.


VISITA DE ANINHA AO PÁLACIO
Ilustração: Palácio
Há várias noites Eduardo não se transformava em peixe, passava o tempo todo em seu quarto. Magda havia percebido, mas não se importou. O que ela não sabia era que seus poderes já não mais tinham domínio sobre ele. O que a preocupava era conseguir logo os poderes legais que passaria a ter depois do casamento. Assim, ela ficaria com tudo e teria plenos poderes no palácio.
Ao entardecer, a malvada Magda preparou um chá e deu a Eduardo para que ele não percebesse a presença da cigana, quando ele pegou no sono chamou a cigana.
Aninha vestiu-se de cigana para que ninguém do palácio a reconhecesse e entrou com autorização de Magda:
- Entre logo cigana, o menino Moisés lhe mostrará o castelo, no entanto fique logo sabendo que a meia noite você terá que se retirar e não toque e nem leve nada daqui.
Aninha agradeceu e pensou consigo:
- Isso será suficiente.
Moisés acompanhou Aninha como se fosse mostrar o palácio. E a levou a uma passagem secreta que dava até o quarto de Eduardo. Moisés sabia desta passagem pelo Príncipe Eduardo que já havia lhe mostrado em certa ocasião.
Aninha entrou no quarto e percebeu que Eduardo já estava dormindo, mesmo assim, começou a contar tudo que havia feito para chegar até ali com esperança de acordá-lo, porém de nada adiantou. Ele nada ouvia, não acordou um minuto sequer do seu profundo sono.
As horas passavam e ela já desanimada pensava:
- Que posso fazer para conseguir despertá-lo de seu sono?
Quando percebeu já estava perto da hora combinada, saiu rapidamente do quarto, descendo as escadas encontrou Magda que pediu para que se retirasse.
Aninha, chateada por não ter conseguido fazer com que Eduardo ouvisse o que ela queria, saiu do palácio e foi para o Bosque. O Anjo Ismael estava lá aguardando sua volta. Logo que a viu disse:
- Hum! Pelo jeito não deu nada certo.
Ela apenas disse:
- Por favor, estou cansada, vou tomar um bom banho nesta água cristalina e depois dormir. Prometo que lhe conto tudo quando acordar.
Quando acordou, o Anjo estava a sua espera. Ela disse:
- Ta bom, vou lhe contar o que aconteceu.
Contou tudo ao Anjo Ismael, que ficou um pouco pensativo e disse:
- Então vamos para o próximo presente, daremos a ela o que você recebeu da Lua e pediremos em troca mais um passeio no palácio.
Como da outra vez, Moisés foi encarregado de ir falar com a Magda. Aninha ficou aguardando o garoto Moisés retornar e este levou o Colar de Brilhante para Magda, que ficou fascinada por ele e disse:
- Nossa! Não perco por nada esta jóia. É só isso que ela quer?
- Sim, só um passeio no palácio, mais nada.
- Então pode dizer a essa cigana que pode vir, nas mesmas condições da vez anterior.
Moisés voltou correndo todo feliz e disse:
- Dona Aninha se prepare, ela concordou novamente.
Aninha entrou de tardezinha e ficou mais uma noite no quarto de Eduardo, como a noite anterior. No entanto nada aconteceu, como das outras vezes, Magda havia dado o chá tranqüilizante a ele. Ela voltou desanimada para o Bosque, tomou o seu banho, deitou-se e passou a noite em oração. Pegou no sono pela manhã e acordou no final da tarde, aguardando a presença do Anjo Ismael, que não apareceu.

ENCONTRO DO ANJO ISMAEL COM O ANJO DO PRÍNCIPE EDUARDO

Nesse tempo, o Anjo Ismael foi ao encontro do Anjo Natanael, anjo de Eduardo, para ajudá-los. Tentaram entrar em contato com o Anjo Misael, de Magda, mas este estava afastado dela. Com muita dificuldade o encontraram perambulando pelas ruas e acabaram descobrindo através dele o porquê dela ser tão ambiciosa e má. O anjo Misael disse:
- Eu não a abandonei, pois ainda acredito ter dentro de seu coração um pouquinho de amor. Quando Magda era pequena seus pais eram bem de situação. Após o falecimento de seu pai, sua mãe se casou com outro homem que roubou tudo que lhes pertencia e ainda tentou seduzi-la. Ela saiu de casa odiando todos os homens. O único que ela gostou foi Eduardo, e por sentir-se rejeitada cresceu ainda mais sua revolta. Ela só vivia em busca de fórmula mágica para fazer o mal a todo aquele que não fazia sua vontade. O que ninguém sabe é que Magda tem um filho com Guilherme, primo de Eduardo. E Guilherme é o único herdeiro do trono, caso Eduardo venha a morrer.
Atenciosamente, os anjos escutavam a história de Magda:
- A criança está com quatro anos de idade, se chama Moisés e fica aos cuidados de sua irmã Taty, fora do palácio. Como está perto do casamento, ela anda preocupada com a Corte Real, pois se descobrem podem impedi-la de se casar e expulsá-la do palácio. Isso é o que mais lhe preocupa. Mas não sei o que fazer, preciso de ajuda. Como Magna não faz orações estou enfraquecendo.
Tomando conhecimento dos acontecimentos e o porquê de tanta maldade de Magda, o Anjo Ismael sugeriu:
- Chegou o momento de fazer com que ela conheça o verdadeiro Amor. Será através de seu filho.
Arquitetaram um jeito de tocar no coração de pedra da Magda. Reuniram-se em oração pedindo ao Senhor uma saída. Nisso veio em mente chamar o Anjo de Taty para que de alguma forma levasse o menino até o palácio e assim foi feito.
Quando chegou Taty com Murilo Magda ficou desesperada e sem saber o que fazer os trancou em um dos quartos do palácio até que soubesse que atitude tomar. Como já estava chegando o dia do casamento, ela ainda não havia conseguido arrumar outro lugar onde eles pudessem ficar, resolveu escondê-los no Bosque.
Magda, sabendo que ali havia uma cigana, resolveu pedir ajuda a esta.
Disse a sua irmã:
- Tem uma cigana no Bosque, vocês ficarão lá até que eu os chame. Vou chamar o menino Moisés para levá-los até ela.
Magda chamou Moisés e mentiu dizendo que havia aparecido uma mulher com uma criança pedindo ajuda e que os levasse para a casa da cigana até passar o casamento. Depois ela iria arrumar um lugar onde eles pudessem ficar e pediu que não comentasse com ninguém sobre eles.
Já tinha três dias que o Anjo Ismael estava sumido, Aninha estava rezando, pedindo a Deus que lhe desse uma luz, quando o anjo surgiu diante dela contente, dizendo:
- Bom dia amiga!
Aninha exultante com seu retorno respondeu-lhe:
- Onde você andou? Tem três dias que não aparece, já estava preocupada.
- Fique tranqüila minha querida, está tudo bem, fui resolver umas coisinhas. Qual foi o terceiro presente? O que ganhou do Vento?
- Ótimo, já sei o que fazer.
- Sim, prepare-se será esta noite.
- Mas e ele, será que vai acordar? Acho melhor procurar outra maneira, por duas noites e ele nem me ouve.
- Aninha! Estou desconhecendo você. Passar por tudo que você passou e agora que está chegando perto vai desanimar?
- Desculpe meu Anjo, às vezes ficamos um pouco desestimulados, mas não se preocupe isso vai passar.
- Tudo bem, acredito em você.
- Muito obrigada, meu “Anjo Bom”, por confiar em mim.


DOENÇA DE SEU TOTA

Na casa de Aninha todos estavam preocupados com o estado de saúde de Seu Tota. Naqueles dias ele se encontrava muito abatido. Seus irmãos o levaram ao médico, porém não encontraram doença alguma. A avaliação médica resultou em depressão profunda. Era apenas tristeza por falta de Aninha.
Seus irmãos pediam para esquecer Aninha, porque senão ia morrer.
Eles achavam que Aninha já estivesse morta, mas Seu Tota dizia que tinha um pressentimento de que ainda vivia. Talvez, pela grande ligação que havia com ela desde criança.
Ele dizia:
- Sonhei esta noite, ela estava dentro de um precipício pegando fogo, pedindo ajuda. Depois já estava em um rio congelado e, em seguida, no meio de um vendaval. Depois se afogando em um rio e, por último, ela enfrentava as forças do mal.
De todos, ela havia conseguido sair faltava apenas as forças do mal, mas no sonho ela dizia:
- Não se preocupe papai, Jesus está comigo, apenas reze por mim.
- Por isso, meus filhos, vamos fazer uma corrente e dar as mãos em oração, tenho certeza que ela está lutando com as forças malignas. Como diz Paulo: “Embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno”. (Ef. 6: 16). Nada podemos fazer por ela, senão orarmos.
Dona Tiana também dizia:
- Estou com o meu coração apertado como se fosse acontecer alguma coisa.
Reuniu todos os filhos e se puseram em vigília noite e dia.


REFÚGIO DO FILHO DE FELIPE

No palácio estavam todos ocupados com os preparativos do casamento de Eduardo e Magda. No final da tarde, o garoto Moisés apareceu trazendo-lhes comida e contou as novidades do palácio. Contou que Eduardo havia viajado juntamente com Magda, só voltaria um dia antes do casamento.
Aninha olhou para o garoto Moisés e disse:
- O que aconteceu? Eduardo está bem?
Moisés disse:
- Não sei, ele anda muito apático e desanimado.
- E agora? O que faremos?
O Anjo falou:
- Tenha calma Aninha, vamos esperar. Porque não rezamos agora nós dois juntos? Jesus disse: “Onde dois ou três estiverem reunidas em meu nome, aí estou eu no meio deles”. (MT. 18: 20).
Rezaram os dois confiantes, pedindo por todos, principalmente por Eduardo, e tinham certeza que da próxima vez tudo daria certo. Aninha não conseguiu dormir aquela noite, ficou pensando não só em Eduardo como também na sua família.
Moisés apareceu bem cedo trazendo café da manhã para Aninha e também lhe disse da mulher com a criança que Magda pediu para ficar com ela até arrumar um lugar onde ficar. Falou também que Eduardo havia chegado essa madrugada. Aninha tomou o café. Logo em seguida, o Anjo Ismael chegou, dizendo:
- Temos que agir diferente hoje. Moisés você dirá ao Eduardo que tem uma cigana de vez em quando passando a noite no palácio, assim quem sabe ele ficará mais atento. E faça a Magda a mesma proposta com este anel de esmeralda.
Eles contaram ao Anjo Ismael sobre a mulher e a criança.
O Anjo disse:
- Então deu certo.
- Deu certo o quê?
O Anjo Ismael disse a Aninha:
- Depois lhe conto. Agora ficou mais fácil.
Moisés foi embora, em seguida retornou com a mulher e a criança. Aninha os tratou bem e se apresentaram.
Logo depois, o garoto Moisés retornou para o palácio, subiu até o quarto do Príncipe Eduardo, bateu na porta.
O Príncipe Eduardo disse:
- Pode entrar.
- Gostaria de conversar um minuto com o Senhor.
- O que houve Moisés? Está acontecendo alguma coisa?
- Não, está tudo bem. Apenas queria perguntar se por acaso o Senhor tem visto uma cigana de tardezinha para noite no palácio?
- Não, tenho dormido muito ultimamente. Mas, por quê? Você viu?
- Sim, ela entrou em seu quarto, perguntei o que queria. No entanto, nada disse.
- Então vou prestar atenção e saber o que ela quer.
Moisés saiu contente, pensou:
- Quem sabe agora ele fica mais atento e vê a Dona Aninha.
Moisés foi também até Magda e falou sobre o anel de esmeralda. Magda, como das outras vezes, concordou. Quando chegou de tardezinha, Aninha se preparou e veio confiante para o palácio. Nesta noite, Eduardo muito cismado e desconfiado pegou o chá com Magda, deixando de lado dizendo que iria beber depois, no entanto assim que Magda saiu, ele jogou fora.


REENCONTRO DE ANINHA COM O PRÍNCIPE EDUARDO

Aninha chegou ao palácio, Moisés a acompanhou como se estivesse mostrando o palácio e esperou que todos se ocupassem com algo para levá-la pela passagem secreta até ao quarto de Eduardo. Ela entrou e ele ficou do lado de fora.
Chegando ao quarto, o príncipe Eduardo fingiu que estava dormindo.
Aninha começou a falar em sussurros em seu ouvido:
- Eu sou a Aninha, filha do pescador, que você trouxe para o palácio. Você lembra? Passei por todas as provações não imaginadas neste mundo para vencer o mal. Passei pelo Sol, Lua, Vento e pela Água e todos lhe mandaram um recado e passaram-lhe uma missão. E pode ter certeza você não tem mais nenhum encantamento.
Na escuridão total, sem ver o rosto de Eduardo, contou detalhes de sua viagem, e por fim, ainda sussurrando, terminou:
- O que quero de você agora é que cumpra a promessa com meu pai e me leve para casa. Minha família deve estar achando que morri. Meu pai então, como deve estar sofrendo! E também lhe desejo felicidades pelo seu matrimônio.
Ele apenas ouvia, deixou que ela terminasse de falar. De repente, Eduardo, surpreendendo Aninha, levantou e acendeu a luz e a abraçou dizendo:
- Minha pequena Aninha, se soubesse que você teria que passar por tudo isso jamais teria deixado acontecer. Era para ser diferente se não acontecesse o acidente da vela.
- Esse foi o preço que tivemos que pagar. Se eu tivesse lhe ouvido talvez não tivesse acontecido tudo isso.
- Oh! Aninha nem eu sabia direito o que tinha que ser feito. Estou feliz por você ter conseguido vencer. Como você sofreu! Fique tranqüila, vou seguir a missão que me confiaram. Também me preocupo com a natureza, quero fazer tudo que for possível por ela e pela humanidade, pois fazemos parte dela.
No meio de muitas lágrimas de alegria, continuaram:
- Preferiria ficar o resto da vida encantado a deixar que você sofresse assim. O Anjo Ismael não me disse o que você teria de passar, apenas disse que era necessário falar com o Sol, a Lua, o Vento e a Água, mas eu não tinha nem noção do que poderia acontecer.
- Eduardo, não se preocupe, eu passaria tudo de novo se preciso fosse. Tudo que passei me fez crescer como ser humano e me fez ver o mundo de outra maneira. Entendi o quanto a natureza está sendo prejudicada pela mão do homem.
- É verdade Aninha, quantos rios e mares eu vi destruídos por onde andei, e muitas espécies estão em extinção, quantas vezes chegava em casa me sentindo impotente sem saber o que fazer. Agora sei quando assumir o reinado qual atitude tomar. E com você me ajudando será muito mais fácil.
- Sim Eduardo, o ser humano precisa descobrir o amor de Jesus Cristo, só ele poderá mudá-los. Mas já está na hora combinada com Magda, tenho que sair.
- Não, Aninha! Você não sairá mais daqui. Magda terá que pagar por tudo que fez, ela queria me atingir, porém você é que sofreu por mim.
- Acalma-te! Não tenha raiva dela! Quero lhe pedir, não diga nada ainda para Magda. Confie em Deus, têm umas pessoas que estão me ajudando. Logo estará resolvido, voltarei em breve.
- Esta bem, já esperei até aqui não custa esperar mais um pouco.
Aninha saiu ao encontro do menino Moisés no corredor, que veio todo contente, perguntando-lhe:
- Como foi Dona Aninha, seu Eduardo estava acordado?
- Sim, Moisés e já conversamos, ele queria que eu ficasse aqui.
- E a Senhora vai ficar?
- Não, vou resolver algumas coisas primeiro. Vamos sair, senão Magda aparece.


REUNIÃO DOS ANJOS E CONVERSÃO DE MAGDA

Os dois seguiram para o Bosque. Chegando lá encontraram Taty e a criança dormindo. Aproveitaram para planejarem como fazer para atingir o coração de Magda.
O Anjo Ismael convocou todos os Anjos e pediu que todos se juntassem para saber que atitude tomar.
O Anjo Natanael disse:
- Temos que resolver logo. Eduardo ficou muito impaciente depois que Aninha saiu do palácio.

Reuniram-se todos em volta da fonte e puseram-se a orar clamando ao Senhor Deus que lhes desse uma solução. Nisso Murilo filho de Magda, acordou sem que sua tia Tatty percebesse e veio em direção a fonte, atraído pela água cristalina. Foi entrando até que não conseguiu alcançar os pés no chão. Quando todos perceberam, ele já estava no fundo da água. Aninha entrou e pediu ajuda aos anjos, que o tiraram de lá.
O menino Murilo estava inconsciente. Moisés vendo isso correu até o palácio e avisou Magda que veio correndo até o Bosque. Enquanto isso, Eduardo também ficou sabendo, através de Moisés, e também foi às pressas para o Bosque. Os dois chegaram quase ao mesmo tempo.
Quando Eduardo chegou ouviu Magda gritar aos berros:
- Meu filho está morto?
Aninha disse:
- Não, ele está apenas inconsciente.
Os Anjos continuaram em oração.
Magda caiu de joelhos ao chão e começou a chorar e rezando, disse:
- Meu Deus! Meu filho quase morreu, tudo por culpa minha.
Murilo abriu os olhos como se nada estivesse acontecido e disse:
- Mamãe é você?
- Sim meu filho, sou eu, sua mãe, e nunca mais vou lhe abandonar.
Eduardo pegou o menino nos braços e disse:
- Por que não disse que tinha um filho Magda?
- Perdão Eduardo, eu só pensava em mim. Agora vejo quanto mal fiz a você e todos a sua volta. Até meu filho estava sendo prejudicado, tudo por ambição e capricho meu. Prometo não mais mentir e nem fazer mal a mais ninguém. Quero cuidar de meu filho, recompensar o tempo que ele ficou longe de mim. O mal que fizeram a mim no passado eu queria descontar em vocês, achando que todos eram culpados pelos meus sofrimentos.

ILUSTRAÇÃO 07:

Em volta da fonte estavam os Anjos deslumbrantes com aquela cena. O Anjo Ismael disse:
- Era tudo que queríamos, tocar o coração de Magda.
Logo o Anjo Misael, fortalecido com a conversão de Magda, aproximou-se dela e disse:
- Nunca mais lhe abandonarei Magda, sempre estarei com você.
Eduardo entregou o menino Murilo a Magda e disse:
- Por favor, gostaria que todos vocês viessem para o palácio. Venha Aninha e traga seus amigos.
Aninha chamou seus amigos e seguiram com Eduardo para o palácio, onde foram recebidos com muita alegria por todos.



VOLTA DE ANINHA AO PALÁCIO

Eduardo pediu que fizessem um jantar especial naquela noite para comemorarem a volta de Aninha.
Depois do jantar ele a chamou para um passeio no jardim como faziam antes e lhe disse:
- Já mandei pessoas à procura de seus pais Aninha.
- Por favor Eduardo, é o que mais quero agora.
- Eu sei Aninha o quanto está sendo difícil para você, prometo que logo estarão todos juntos. No entanto, gostaria que você ficasse comigo no palácio. Sinto que temos algo em comum. Durante este tempo que passamos longe um do outro, senti muito sua falta e entendi que a amo profundamente.
- Também sinto o mesmo Eduardo. Preciso muito ver meus pais, mas uma força maior me faz pensar muito em você.
Neste momento, um clima romântico pairou no ar. Então, Eduardo, olhando nos olhos de Aninha, a pediu em casamento:
- Você quer se casar comigo? Assim que seus pais chegarem pedirei sua mão em casamento.
- Você não vai se casar com Magda?
- Não Aninha. Foi tudo armado por ela. Enquanto sofria por sua falta, ela me induziu ao casamento. Não era o que queria, pois não nos amamos. Já está tudo resolvido, não haverá casamento.
- Eduardo, eu preciso lhe dizer uma coisa, eu não quero ser Rainha. Há muito tempo tenho sentido um chamado de Deus e preciso seguir. Sei que seu reinado o impede de vir comigo. Acho que casamento agora seria precipitado. Quero estar ao seu lado, mas tenho uma missão pela frente.
Eduardo ficou preocupado achando que Aninha não queria se casar com ele e falou-lhe:
. Mas isso não impede que nos casemos.
- Sim meu príncipe, mas eu conheci uma comunidade por nome “Filhos de Jacó” que evangeliza e também fiquei sabendo que estão precisando de pessoas para evangelizar em uma pequena cidade na África. Se tudo der certo irei para lá em missão levar o que aprendi nestes tempos, mostrando, principalmente, a importância da preservação da natureza.
Atentamente Eduardo a ouvia:
- Pretendo ser uma missionária, me entregar totalmente a Jesus. Porém, há casais consagrados e, se você pudesse me acompanhar, faríamos uma caminhada na comunidade e pediríamos a Deus por discernimento, se for para ficarmos juntos com o tempo Ele nos dirá.
- Mas para eu fazer isso terei que abandonar o Reinado.
- Bom, eu não posso lhe pedir isso, só você poderá decidir.



O REI EDUARDO REUNE COM A CORTE

O Príncipe Eduardo agora refeito, após rever Aninha e entregá-la a seus pais como prometido. Assumiu o Reinado e reuniu-se com a Corte para tomar conhecimento de tudo que se passava no palácio. Pedindo ajuda aos anjos, ele expõe as normas que teriam que seguir dali em diante.
A Corte, que era composta por dez conselheiros, reunida decretou a primeira lei no reinado do Rei Eduardo: Tem como prioridade anunciar o “Reino de Deus” a todas as pessoas. E fica decidido que todos deverão preservar a natureza, não poluindo as águas, não derrubando árvores e nem cometendo qualquer ato que atente contra o meio ambiente.
Após deliberarem sobre assuntos internos do Reinado, o Rei Eduardo tomou a palavra e por alguns minutos discursou sobre a importância de levarem o nome de Jesus Cristo a toda humanidade. Com um ato de humildade falou que Jesus Cristo era o único Rei existente no universo, uma vez que ele trouxe a mensagem do pai, nosso Deus. Jesus Cristo há de reinar em nossa mente, em nossa vontade e, principalmente, em nossos corações, ressaltando que toda natureza havia sido entregue aos homens por Deus, por isso temos o dever e obrigação de preservá-la.
Ainda em discurso, emocionado, pediu desculpas porque tinha que se afastar do Reinado por tempo indeterminado. Falou que iria sair em missão e informou que o Reinado estaria sendo entregue aos cuidados de seu primo Guilherme.
Todos, emocionados com que ele disse, porém surpresos aplaudiram-no, pois entenderam ser um ato de muita coragem e importância. Em seguida, levaram Guilherme ao trono juntamente com Magda. Esta, por sua vez, havia se convertido e casado com Guilherme tendo tomado como meta principal, cuidar das margens dos rios. O Anjo Ismael, junto com todos os Anjos, teve um lugar “Especial” no Reinado do Rei Eduardo e agora com aos cuidados de Rei Guilherme.

EDUARDO EM MISSÃO COM ANINHA

Eduardo, imediatamente, deixou o palácio e foi ao encontro de Aninha na casa de seus pais. Lá chegando, foi recebido por ela com muita alegria:
- Oi meu grande Rei Eduardo.
- Grande Rei é o Nosso Senhor Jesus Cristo, e vim para conhecê-lo com você.
- Que bom que está aqui, mas e o Reinado?
- Ainda vai em missão?
- Sim, saio amanhã bem cedo.
- Iremos juntos. Preciso conhecer melhor o “Jesus” que você conhece. Quero ajudar a anunciar o “Reino de Deus” a todas as pessoas e fazendo esta caminhada será uma chance para conhecê-lo melhor. Não posso perder esta oportunidade.
- E quanto ao seu Reinado?
- Passei o trono a Guilherme, meu primo, mas não se preocupe tudo que fora pedido pelo Sol, pela Lua, pelo Vento e pela Água já está sendo executado. Tenho certeza que ele fará o melhor pela natureza e por todos. Confio nele.
Aninha, emocionada, abraçou Eduardo que correspondeu com muito carinho. Juntos seguiram em missão.



DESPERTAR DO SONO DE ANINHA

Nisso Seu Tota pegou um peixe enorme que fez grande barulho, acordando Aninha assustada:
- Nossa! Papai. Ainda estamos aqui? Estou com frio.
Seu Tota disse:
- Peguei muitos peixes minha filha, por isso estamos demorando.
- Papai, o que é isto que está brilhando aí?
- Onde minha filha?
- Ah! Peguei papai, é uma pedra. Estava dentro da água. Tem um brilho diferente. Hum! É igualzinho a do sonho.
- Que sonho filhinha?
- Papai, tive um sonho e nele ganhei uma pedra da água igual a esta, acho que é a confirmação do que tenho que fazer. Este sonho me fez ver que tenho uma missão. A humanidade precisa de mim. Vou levar a mensagem deixada por Jesus. Vou amanhã mesmo entrar em contato com uma comunidade que conheci esses dias atrás e gostei muito: “Filhos de Jacó”.
Falando como se estivesse encantada, continuou:
- Descobri que precisamos cuidar melhor da natureza para termos uma vida mais saudável e com fartura. Temos que plantar árvores para o sol não mais esquentar igual aos últimos tempos e para que possam reter os ventos, evitando vendavais, erosões nas margens dos rios e furacões. Diminuirmos as queimadas para que a lua possa clarear as noites e cuidarmos especialmente da água, porque é dela pai que tiramos nosso alimento. Sobretudo, papai, dependemos de uma grande força, que é Deus, Ele nos ensina o caminho de tudo.
- Que sonho lindo minha filha. Tenho pensado nisso esses últimos dias, não estamos conseguindo pegar peixes. As plantações estão se perdendo e estamos passando por muitas dificuldades por falta de alimento. Acho que você nos trouxe a fórmula que tanto precisávamos. Vamos, temos muito que fazer. E traga a pedra que encontrou.
Voltaram para casa com todo ânimo, era como se tivessem descoberto uma mina de ouro.
Aninha pensando no sonho percebeu que o livro “Especial” que recebera do Anjo Ismael era a Bíblia. Daquele dia em diante passou a lê-lo com freqüência e tudo que ia fazer pedia discernimento ao Senhor.
Sendo assim, a família toda começou a por em prática tudo que Aninha havia sonhado. Eles foram atrás de pessoas que entendiam de piscicultura e juntamente com seus irmãos montaram uma no sítio. Fizeram tudo para preservar o rio e não mais tirar peixes de lá. A piscicultura, além de ser uma excelente fonte de renda para sua família, era uma alternativa para a pesca comercial por não causar grandes impactos ambientais.
Sua família foi bem sucedida nos negócios e até passaram a ajudar outras famílias. Faziam doações de alevinos para repovoamento dos rios e de mudas de plantas frutíferas da região. Ela e seus irmãos iam também nas escolas conscientizando os alunos da importância de preservar os rios e florestas. Enfim, tudo que faziam era pensando na natureza.



COMUNIDADE FILHOS DE JACÓ

Aninha, já com dezoito anos de idade, em um belo dia acordou bem cedo e disse a seus pais:
- Papai e mamãe, lembram que eu disse que tinha entrado em contato com uma comunidade conhecida como “Filhos de Jacó” me inscrevendo para participar de uma missão e levar a mensagem de Jesus Cristo?
Seu Totá respondeu:
- Sim, minha filha, e então, recebeu resposta?
- Hoje eles me chamaram.
- Minha filha, não deixe sua vocação de lado. Eu lhe dou a minha benção. Você fez a escolha correta. Tenho certeza que você será feliz nesta missão. É o que você sempre sonhou em fazer.
- Amém! Papai, eu tenho certeza que serei feliz. Quero dedicar minha vida a Deus e ajudar a salvar a humanidade e a natureza. E o senhor, por favor, continue reflorestando para que o sol, a lua, o vento e a água se alegrem e nos dêem muita alegria e vida em abundância.
- Quando você sairá?
- Amanhã bem cedo.
- Você lembra daquela noite em que encontrou uma pedra brilhante e me contou o sonho Aninha?
- Sim papai.
- Estava guardando o momento para lhe entregar. Esta pedra é de brilhante e tem grande valor. Leve-a com você e saberá quando usá-la.
- Não papai, para onde vou não irei precisá-la. Pegue-a e venda para investir nas campanhas em defesa da natureza.
Os irmãos de Aninha, juntamente com seus amigos, fizeram uma festa de despedida para ela. Seus pais que ficaram tristes. No entanto, entenderam que era um chamado de Deus. Então sua mãe falou:
- Minha filha, vamos sentir sua falta, mas sabemos que você está feliz. E sua missão é essa: Evangelizar.









18/10/07 13:24
Nota da Autora
Nasci na fazendo do Jurigue, aos seis anos de idade viemos para Rondonópolis. Moramos uns tempos no sítio perto desta cidade, onde passei minha infância juntamente com meus irmãos com muita paz e harmonia. Família grande com doze irmãos, meus pais foram pioneiros na cidade.
Aos vinte e quatro anos sofri um acidente que me deixou paraplégica. Passei dois no hospital de reabilitação Santa Mônica em São Paulo, aprendi muito com meus colegas. Sofri muito os primeiros anos, até me readaptar a uma nova vida.
Era muito doloroso necessitar da ajuda das pessoas, pois eu era sempre tão auto-suficiente, sofri muito por isso, mas em parte me ajudou a perceber que o ser humano precisa um do outro por mais independente que seja.
Em (1983) mil e novecentos e oitenta e três tive a graça de fazer o cursilhio, foi uma experiência maravilhosa! Gostaria que todos fizessem este experimento de vida. Tive um encontro pessoal com Cristo, aprendi a perdoar e também descobri o amor de Deus por mim. Pois, eu não conhecia o Amor de Jesus Cristo por mim e muito menos pela a humanidade.
Portanto a partir do momento que conhecemos verdadeiramente “Jesus” nossa vida se transforma. Agora para mim tudo é belo, porque em tudo vejo Deus. Jesus está presente em cada um de nós! Amo viver!
Sempre fui muito de agir, queria sempre fazer alguma coisa, ensinar ou ajudar alguém. Agora quero ação e oração. Assim entendi que temos que ter as duas coisas e compreendi que sem oração não somos nada. Porque é com a oração que alimentamos nossa alma, assim como precisamos de alimento para o nosso corpo.
E quando você cultiva um sonho e coloca Deus na frente, cedo ou tarde você consegue realiza-lo. E este é um deles, ver este livro publicado.
[1] Ágape: o amor de Deus por nós
É aquele amor que se dá e se sacrifica pelo mais alto bem da outra pessoa.
[2] Aquecimento global refere-se ao aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto superfície da Terra.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
[3]Efeito estufa é um processo que acontece quando uma parcela dos raios infravermelhos refletidos pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre
[4] Calma frieza ou sangue frio. Dicionários e Enciclopédia em língua Portuguesa
[5] Devastação é a exploração predatória dos recursos naturais como queimadas e desmatamentos, ou secamentos de lagoas entre outras coisas.
[6] A erosão é o resultado do desgaste ou do arrastamento da superfície da terra, seja pela água corrente, pelo vento ou por outros agentes naturais.
[7] Jardim do Éden.
[8] calota polar é uma região de latitude elevada de um planeta, centrados na região polar, que está coberto de gelo..
[9] Orgânico é um termo genérico para processos ligados à vida, ou substâncias originadas destes processos.